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Se a água é um bem de luxo, os pobres que bebam champanhe

O ministro do Ambiente escolheu o Dia Mundial da Água para afirmar que o preço da água deve corresponder à escassez deste recurso e que deve servir para disciplinar os consumos.

CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

«Se o produto água está a tornar-se escasso, o preço deve reflectir essa escassez, tanto mais que esse preço é o sinal mais forte que temos a dar aos utilizadores da água no sentido de a usarem de forma mais parcimoniosa», afirmou hoje João Pedro Matos Fernandes, na abertura do 15.º Congresso da Água, organizado pela Associação Portuguesa de Recursos Hídricos.

O ministro do Ambiente referiu ainda que «a solução» para a escassez de água «não é conquistar novas formas de oferta para ganhar folga para mais consumo».

A ideia de consumidor-pagador no que toca à gestão dos recursos naturais e à solução para problemas ambientais não é nova na cartilha neoliberal, cujo paraíso seria a privatização da água com o pretexto da sua perservação.

Os ricos poderiam assim continuar a encher as piscinas e a regar os campos de golfe e os pobres morreriam à sede.

Pelo contrário, a ideia de que a água é um bem público e um bem de saúde pressupõe que o Estado deva gerir este recurso norteado por polícas sociais, que garantam a sua sustentabilidade e usufruto e travem o caminho a interesses mercantilistas. Neste contexto, o papel das autarquias é insubstituível na garantia dos serviços de abastecimento de água e saneamento, de uma a gestão dos recursos hídricos sustentável e do acesso universal à água por parte das populações.

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