Na passada quinta-feira, a Autoridade da Concorrência foi notificada da compra da Indaqua – uma das maiores concessionárias privadas de serviços de água e saneamento em Portugal – pelo fundo de investimento privado Bridgepoint. A agência Lusa não revelou os valores envolvidos no negócio.
A Indaqua era detida pelo grupo israelita Miya, que, em 2016, comprou a participação do grupo português Mota-Engil, então accionista maioritário da empresa, pelo valor de 60 milhões de euros.
Num comunicado emitido esta sexta-feira, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL/CGTP-IN) frisa que este negócio vem confirmar que «a financeirização e o crescente domínio do capital estrangeiro do sector da água, consequência intrínseca e indissociável da privatização, seria mera questão de tempo, como de resto aconteceu em todos os sectores abertos ao capital privado».
«Afinal, as empresas privadas e sociedades anónimas são elas próprias mercadorias, transaccionáveis entre grupos financeiros transnacionais, e desde sempre o capital estrangeiro tem sido o principal beneficiário das privatizações do património público nacional», lê-se no documento.
Tal como a Associação Água Pública o fez noutras ocasiões, também a organização sindical destaca o carácter atractivo deste negócio para o capital financeiro privado. É que se trata de investir em água, «um bem com procura e rentabilidade asseguradas: afinal onde há seres humanos, há sempre potenciais clientes», explica o STAL.
Para além disso, «onde há escassez, real ou potencial, há uma enorme oportunidade de negócio, pois, quanto mais escasso é um bem, maior é o seu valor económico», refere o texto, acrescentando: «Pensam eles: haverá melhor negócio que a vida cotada em bolsa?»
STAL condena negócio com a água pública
A organização sindical sublinha que «isto não é uma boa notícia» para os municípios concedentes – «que pouco ou nada podem fazer […] para contrariar estas transacções» e «salvaguardar o interesse público» – e sobretudo para «as populações e os trabalhadores».
Tanto a água como o serviço público irão continuar «a ser geridos como mercadorias, sujeitos à especulação e a lógicas de maximização do lucro», denuncia o STAL.
Neste sentido, a estrutura sindical promete intervir, mantendo a denúncia e o combate ao negócio da água, em defesa dos direitos das populações e dos trabalhadores.
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