A iniciativa é promovida pelo Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) e decorre durante a manhã de hoje na sede da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, em Lisboa.
Em declarações ao AbrilAbril, Cecília Sales, da Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa (CUTL), esclarece que esta será essencialmente uma reunião de trabalho. «Vamos partilhar as experiências que temos no terreno ao nível dos transportes públicos que utilizamos. No final, sairá uma resolução da direcção do MUSP sobre todos os problemas que estão a acontecer e para os quais alertámos durante anos», refere.
A dirigente denuncia que «uma medida tão positiva para as famílias como é o passe social intermodal» esbarra na «degradação planeada da frota e do material circulante», acrescentando que o facto de durante anos não terem sido tomadas medidas liga-se a objectivos que teriam como horizonte a privatização dos transportes públicos.
Dois meses após a introdução dos novos passes nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, as empresas estão a tomar medidas para acomodar o substancial acréscimo de utentes verificado – dados provisórios dão conta de um crescimento de cerca de 20% na AML, em Abril e Maio, comparativamente com igual período de 2018.
As empresas rodoviárias apostaram em mais carreiras em vários pontos da região. No plano ferroviário, designadamente na Fertagus e no metro, a solução encontrada no curto prazo passa pela supressão de uma parte dos lugares sentados de modo a acomodar um maior número de passageiros.
Apesar de reconhecer o desconforto sentido pelos utentes, Cecília Sales analisa as notícias que têm vindo a público relativamente a estas alterações como «uma tentativa de denegrir» o avanço alcançado com a introdução do passe social intermodal. «Temos que combater isto», prossegue, salientando que a falta de trabalhadores «em todos os transportes» é uma peça-chave para a melhoria dos transportes públicos.
«É mais rápido admitir pessoal»
O diagnóstico da representante da CUTL está em sintonia com a apreciação feita ao AbrilAbril pelo primeiro-secretário da AML, Carlos Humberto.
«Não se têm barcos nem comboios de um dia para o outro, mas é possível e mais rápido admitir pessoal para resolver os problemas que existem», sublinha o responsável, adiantando que as dificuldades ocorrem, sobretudo, nos transportes ferroviário e fluvial, ou seja, «onde já se sentiam».
No final de Maio estavam contabilizados 167 mil novos utilizadores dos novos passes, em Lisboa e no Porto. «Nós próprios sabíamos que ia haver um crescimento e este ultrapassa aquilo que nós prevíamos. É natural, isto é uma revolução, ninguém prevê os resultados», porque, frisa Carlos Humberto, «não havia experiências anteriores».
Sendo uma medida «importantíssima», ela está incompleta enquanto não se verificar um aumento da oferta, investimento em infra-estruturas e em material circulante, bem como no alargamento da rede.
No entanto, ressalva o primeiro-secretário da AML, «sempre considerámos que não podíamos estar à espera de ter tudo pronto para avançar com medidas, senão nunca temos tudo pronto».
Novos passes combatem isolamento dos mais velhos
A melhor imagem do que representam os novos passes lê-se na afirmação de Carlos Humberto: «Hoje as pessoas vão como querem.» A par do acréscimo de utilizadores já referido, o dirigente salienta aspectos que estão a ser registados.
«As empresas de transporte colectivo têm vindo a referenciar uma maior procura fora das horas de ponta e ao fim-de-semana», sublinhando que o número de passes da terceira idade «subiu muito», a par da multimodalidade.
Cecília Sales corrobora a informação com base no conhecimento empírico adquirido no bairro onde reside. Diz que o Navegante veio contrariar a solidão e contornar a falta de dinheiro de muitos idosos que «faziam contas e não saíam de casa». Por isso, conclui, «esta é uma medida que, na nossa opinião, tem que ser altamente valorizada».
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