Há muito que o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, aguardava pela discussão da petição que recolheu mais de 31 mil assinaturas.
O documento deu entrada no Parlamento em 2017, mas a reivindicação é antiga. Há mais de 30 anos que as populações exigem a expansão do Metro de Lisboa ao corredor de Loures e, começou por recordar o deputado do PCP, Duarte Alves, cumpre-se em 2019 uma década do anúncio feito pela então secretária do Estado dos Transportes (actual ministra do Mar), Ana Paula Vitorino, que atirava o investimento para 2015.
O agendamento foi motivado pela petição lançada pela Câmara Municipal de Loures, com mais mais de 31 mil signatários, a que se juntaram os projectos de resolução do PSD, PCP, BE, PEV e PAN. As intervenções proferidas esta sexta-feira, salvo a do PS, foram consensuais acerca da importância de expandir o Metro de Lisboa a Loures e à zona Ocidental, nomeadamente a Alcântara.
O deputado Ricardo Bexiga, apesar da promessa feita em 2009 pelo Governo do PS, e de reconhecer que o concelho de Loures representa um território «fortemente urbanizado» e «sem meios de transporte eficientes para responder às necessidades das populações», atirou para a Autoridade Metropolitana de Transportes a responsabilidade de decidir qual a «melhor opção» de transporte no corredor de Loures, alegando que o Metro «não tem vocação» de ser um meio de transporte suburbano.
Embora Loures seja o único concelho limítrofe de Lisboa desprovido de uma «alternativa eficiente e acessível de transporte em carril», como lembra a petição, há outros, designadamente Odivelas, que também poderiam beneficiar com o alargamento, deixando de sofrer com o estacionamento abusivo de quem aí se desloca para apanhar o Metro para Lisboa.
Linha circular não serve a população
O reconhecimento da importância de investir para transportar para a capital mais pessoas em transporte público, com benefícios sociais e ambientais, aproveitando a redução tarifária do passe único, contrastou com a análise da proposta do Governo do PS de uma linha circular entre o Cais do Sodré e o Campo Grande, com as linhas verde e amarela.
O investimento ascende a 200 milhões de euros e, ouviu-se esta manhã no Parlamento, além de servir apenas fins turísticos, mexe com questões geológicas, ameaça o alargamento a zonas onde o Metro ainda não chega, tal como não serve a população de Lisboa.
A zona Norte é um dos exemplos paradigmáticos. Com as linhas verde e amarela a transformarem-se em linhas radiais, as populações de Odivelas, Ameixoeira, Lumiar, Quinta das Conchas e Telheiras serão obrigadas a mudar de linha no Campo Grande para aceder ao centro da cidade. Como alertou aquando da consulta pública a Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa, a alteração projectada prejudica também as populações de zonas como Benfica, Carnide, Olivais e Marvila.
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