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Desconto nas portagens «é um embuste»

A Plataforma pela Reposição das SCUT na A23 e A25 classifica o desconto de 25% para utilizadores regulares, a partir do dia 8 de cada mês, de «embuste» e já agendou marcha lenta para 20 de Novembro. 

Os utentes exigem a abolição das portagens, esclarecendo que faltam vias alternativas e seguras
Créditos / Razão Automóvel

Segundo anunciou a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, após a reunião do Conselho de Ministros desta quinta-feira, a partir do dia 1 de Janeiro, os detentores de veículos de classe 1 e classe 2, que sejam passageiros frequentes das antigas vias sem custos para o utilizador (SCUT), pagarão portagens nos sete primeiros dias de utilização num mês, que podem ser seguidos ou interpolados, tendo descontos de 25% nas passagens seguintes.

A notícia chegou à assembleia cívica de indignação que a Plataforma pela Reposição das SCUT na A23 e A25 marcou previamente para ontem, na Covilhã, onde mais de uma centena de pessoas discutiram novas formas de luta, e a reacção não se fez esperar. 

Em declarações aos jornalistas, no final da reunião, Luís Garra, da União de Sindicatos de Castelo Branco, uma das entidades que integra a plataforma (ver caixa), disse tratar-se de «um embuste», já que «a maior parte das pessoas, a esmagadora maioria das pessoas, que pretenda ou precise de circular na A23 ocasionalmente não vai ter qualquer desconto». 

O objectivo do desconto ontem anunciado é reduzir o impacto das portagens, que, tal como reconhece o Governo, se traduzem na falta de coesão territorial, sinistralidade e custos de contexto para as empresas. Constrangimentos que, defendem os membros da plataforma, se resolvem com a aplicação de descontos progressivos nas portagens até à sua abolição, no final da legislatura.

O descontentamento dos utentes vai traduzir-se em mais uma marcha lenta, no próximo dia 20 de Novembro, que terá partidas da Guarda, Covilhã e Castelo Branco, com destino ao Fundão.  

«Vamos mostrar ao Governo que não nos cala, não nos engana, porque o que está a tentar fazer é um engano», realçou Luís Garra. 

Do ponto de vista das empresas, José Gameiro, da Associação Empresarial da Beira Baixa, admite que os descontos não servem o tecido empresarial local, que é essencialmente constituído por micro e pequenas empresas.

José Gameiro defende que a redução para os veículos de transportes de mercadorias foi orientada para as grandes empresas, que têm «grandes frotas», deixando de fora as «pequenas empresas», que normalmente usam veículos ligeiros nas suas actividades.

Também o Movimento de Empresários pela Subsistência do Interior é crítico do desconto anunciado por Ana Abrunhosa, salientando que deixa os turistas de fora. «Mas quem é que vem oito vezes à Beira Interior em turismo, para ter um desconto de 25%? Estão a brincar connosco?», censurou Luís Veiga.

As vias incluídas nesta medida são a A22 (a Via do Infante, no Algarve), a A23 – Auto-estrada da Beira Interior (quer a concessão da IP, quer a concessão da Beira Interior), a A24 – Auto-estrada do Interior Norte, a A25 – Auto-estrada das Beiras Litoral e Alta, a A28 – Auto-estrada do Norte Litoral, a A4 (na subconcessão Transmontana e na concessão no troço do Túnel do Marão), a A13 e a A13-1 (conhecidas como subconcessões do Pinhal Interior).

De acordo com a ministra da Coesão Territorial, os descontos actualmente destinados aos veículos de transporte de mercadorias serão actualizados e alargados aos veículos de transporte de passageiros.

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