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Forma-se um Governo de direita e Pires de Lima é reeleito Presidente da Brisa

No último governo PSD-CDS, o ex-ministro da Economia, Pires de Lima, abriu a renegociação das PPP rodoviárias e as negociações com a Brisa. Passado uns tempos, o mesmo tornou-se presidente da Brisa. Quando os contratos de concessão estão prestes a acabar e vai entrar em funções um governo de direita, Pires de Lima é reconduzido nas suas funções. 

António Pires de Lima, presidente do conselho de administração da Brisa, com Nuno Melo, actual presidente do CDS-PP, em 2019 
CréditosAntónio Pedro Santos / Agência Lusa

É uma das coincidência que só são possíveis com o alinhamento dos astros. António Pires de Lima, ex-ministro da Economia, foi reconduzido a presidente da Brisa, no mesmo dia em que o Governo PSD-CDS é apresentado.

Os contratos de concessão com Brisa estão prestes a acabar, algo que já foi demonstrado no AbrilAbril. Em 2024 a Brisa irá receber do Estado 1002 milhões, sendo que em 2025 “apenas” receberá 630 milhões, e em 2028, no final da legislatura está previsto que receba 328 milhões. 

Ou seja, o lucrativo negócio que a Brisa tem deixará de ser tão lucrativo, e é necessário alterar esse paradigma. É isto que torna a coincidência da reeleição de Pires Lima como presidente da empresa algo interessante.

Enquanto ministro de um governo PSD-CDS, Pires de Lima abriu a porta às renegociações das PPP rodoviárias e às negociações com a Brisa. Numa altura em que se forma um governo de direita e a Brisa precisa de rever a sua galinha dos ovos de ouro, Pires de Lima é homem que pode ir à conversa com as forças governativas que têm um lugar especial no seu coração. 

Recorde-se que a Brisa registou 276,6 milhões de euros de lucro em 2023, um ganho de 25,6% face ao ano anterior, com as receitas de portagens a ascenderem a 749 milhões de euros e vai propor a distribuição de 181,9 milhões de euros em dividendos, depois de já ter atribuído 94,6 milhões de euros, segundo o relatório integrado do grupo, publicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Simultaneamente esta é a empresa que propôs «um miserável aumento de 3,5% e meia dúzia de euros para as categorias profissionais com salários mais baixos», refere nota do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).

Uma situação que toma contornos caricatos tendo em conta que, neste momento, não existem trabalhadores na categoria profissional que recebeu os mais significativos aumentos salariais: os Operadores de Portagem.
 

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