É uma das coincidência que só são possíveis com o alinhamento dos astros. António Pires de Lima, ex-ministro da Economia, foi reconduzido a presidente da Brisa, no mesmo dia em que o Governo PSD-CDS é apresentado.
Os contratos de concessão com Brisa estão prestes a acabar, algo que já foi demonstrado no AbrilAbril. Em 2024 a Brisa irá receber do Estado 1002 milhões, sendo que em 2025 “apenas” receberá 630 milhões, e em 2028, no final da legislatura está previsto que receba 328 milhões.
Ou seja, o lucrativo negócio que a Brisa tem deixará de ser tão lucrativo, e é necessário alterar esse paradigma. É isto que torna a coincidência da reeleição de Pires Lima como presidente da empresa algo interessante.
Enquanto ministro de um governo PSD-CDS, Pires de Lima abriu a porta às renegociações das PPP rodoviárias e às negociações com a Brisa. Numa altura em que se forma um governo de direita e a Brisa precisa de rever a sua galinha dos ovos de ouro, Pires de Lima é homem que pode ir à conversa com as forças governativas que têm um lugar especial no seu coração.
Recorde-se que a Brisa registou 276,6 milhões de euros de lucro em 2023, um ganho de 25,6% face ao ano anterior, com as receitas de portagens a ascenderem a 749 milhões de euros e vai propor a distribuição de 181,9 milhões de euros em dividendos, depois de já ter atribuído 94,6 milhões de euros, segundo o relatório integrado do grupo, publicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Simultaneamente esta é a empresa que propôs «um miserável aumento de 3,5% e meia dúzia de euros para as categorias profissionais com salários mais baixos», refere nota do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).
Uma situação que toma contornos caricatos tendo em conta que, neste momento, não existem trabalhadores na categoria profissional que recebeu os mais significativos aumentos salariais: os Operadores de Portagem.
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