«Dois em cada três iemenitas não têm acesso a água potável e serviços básicos de saúde», informou este domingo o organismo internacional, através da sua conta de Twitter.
«Fornecemos 800 mil litros de combustível para a Empresa Local de Água e Saneamento, e para o Hospital Al-Thawra, em Hudaydah [costa ocidental do Iémen], para além do nosso apoio habitual aos sectores da água e da saúde, mas a falta é ainda grande», acrescentou.
O Iémen enfrenta a pior crise humanitária do mundo. Particularmente afectada pela fome, a população iemenita tem sido também atingida por doenças como cólera, difteria, sarampo e dengue, na sequência da guerra de agressão lançada em Março de 2015 pela Arábia Saudita, à frente de uma coligação de países aliados e que contou com forte apoio do Ocidente, nomeadamente dos EUA e do Reino Unido.
Apesar de não ter conseguido alcançar os objectivos declarados de suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade, a coligação liderada pelos sauditas prossegue a guerra, continuando a fazer baixas entre a população civil, incluindo crianças.
Em Novembro último, a Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que 233 mil pessoas tinham morrido no Iémen directamente devido à guerra de agressão imposta ao país ou por razões associadas ao conflito, sublinhando a importância de um cessar-fogo e classificando o número de vítimas como «infeliz e inaceitável».
Crise humanitária e falta de fundos para programas de ajuda
Ainda de acordo com agências da ONU, quase 80% da população iemenita (24 milhões de pessoas) dependem de alguma forma de ajuda. As crianças, que se situam entre os grupos mais vulneráveis, estão a apresentar os níveis mais elevados de má-mutrição aguda «desde que a guerra começou».
Lise Grande, coordenadora humanitária da ONU para o Iémen, alertou que «o Iémen está à beira de uma crise de segurança alimentar catastrófica» e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sublinhou a importância de tomar medidas urgentes para travar o «sofrimento», estimando que, de outro modo, vai aumentar o número de crianças a padecer de má-nutrição aguda.
Em Junho do ano passado, as agências da ONU lançaram o alerta para a situação de subfinanciamento em que se encontravam, destacando que esse facto iria empurrar mais crianças iemenitas para a fome. Em meados de Outubro, as agências informaram que apenas tinham recebido 1,43 mil milhões de dólares dos 3,2 mil milhões que eram necessários, em 2020, para financiar os projectos de ajuda humanitária no Iémen.
De acordo com a Al Mayadeen, pelo menos 37 programas internacionais de ajuda ao Iémen foram suspensos por falta de verbas e a ONU estima que as equipas de resposta rápida deixem de cumprir as suas tarefas, nos vários distritos do país árabe, devido à falta de fundos.
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