Com as restrições impostas no âmbito do combate à pandemia, as bibliotecas municipais tiveram de se reinventar e agora, durante o segundo confinamento, estão quase todas activas, a oferecer serviços às populações, como explicou à Lusa o subdirector-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Bruno Eiras.
Das 239 bibliotecas que integram a rede são menos de 20% as que encerraram por completo. E aquelas que já estavam presentes nas redes sociais conseguiram mais facilmente manter contacto com os utilizadores a partir destes veículos.
Desenvolveram-se ateliês de trabalhos manuais, sessões de biblioterapia, assim como se procedeu à partilha de recursos e conteúdos gratuitos, a chamada curadoria da informação. Também se desenvolveram serviços de empréstimo de livros, revistas, CD e DVD ao domicílio.
Bruno Eiras afirma que «podemos agora contar dezenas de bibliotecas com uma programação online semanal ou mensal, continuada, abarcando diferentes actividades e dirigida a diferentes públicos». Uma das frentes passa por tentar «colmatar a falta de literacia digital de grande parte da população, partilhando tutoriais e orientações para a navegação segura na Internet».
Não obstante, quando questionado sobre a adesão a estes serviços pelas populações, Bruno Eiras afirmou que são «sempre insuficientes por deixarem de parte a população que não domina as tecnologias e que não tem como aceder às redes sociais ou a outras plataformas».
Ainda assim, há «relatos bastante positivos do impacto dos serviços de empréstimo ao domicílio e do trabalho que as bibliotecas itinerantes estão a fazer junto das populações mais isoladas», explicou.
O confinamento e as medidas restritivas implicam, porém, que se tenha perdido muita coisa e que haja maior distância da «cultura, do conhecimento, da leitura», o que afecta em particular a literacia de quem já de si é mais vulnerável, como grupos em risco de exclusão, pessoas isoladas, idosos e pessoas economicamente mais fragilizadas.
Para Bruno Eiras, se uma biblioteca municipal encerra, é interrompido «o trabalho de equilíbrio e equidade social, cultural e até cívica».
Em muitas terras, as bibliotecas são o principal ponto de acesso à informação, seja online, seja em papel. Aliás, «com excepção das escolas, não existe outro equipamento de proximidade que esteja presente em tantos municípios: dos 308 existentes em Portugal, apenas cinco não têm serviço de biblioteca pública», lembrou o director.
Com agência Lusa
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