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Medina: creches gratuitas só para alguns?

No anúncio da sua recandidatura à capital, Fernando Medina prometeu creches gratuitas para os bebés do concelho de famílias da «classe média». O PS no Parlamento tem recusado a gratuitidade para todos.

Fernando Medina
Créditos / Agência Lusa

No acto em que se confirmou a já esperada candidatura pelo PS à Câmara Municipal de Lisboa, esta segunda-feira na Estufa Fria, Fernando Medina anunciou como objectivos o incentivo da natalidade e a fixação de jovens na cidade.

Para isso, anunciou, como compromisso eleitoral, «a redução progressiva dos valores pagos pelas famílias com creches, tendo em vista assegurar que se tornarão gratuitas até ao final do mandato [2025] para as famílias jovens da classe média que residam em Lisboa».

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Creches gratuitas e mais verbas para passes

Apesar do PS optar por limitar muitos dos avanços propostos, já se garantiram medidas positivas como a gratuitidade das creches ou o reforço da rubrica para a redução tarifária dos passes sociais.

Créditos / oseculo.pt

No último dia em que decorrem votações para o Orçamento do Estado (OE) para 2020, destaca-se a aprovação de algumas medidas positivas que representam avanços de impacto significativo para os portugueses.

Uma delas é a consagração de que todas as famílias abrangidas pelo 1.º escalão passam a beneficiar de creche gratuita para os seus filhos, assim como todas as famílias que se situam no 2.º escalão ficam com direito a esta gratuitidade a partir do segundo filho.

Garantiu-se também reforço orçamental para 138,6 milhões de euros do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART), que permitirá garantir a manutenção do passe mais barato e o alargamento das áreas abrangidas.

Outra das questões que gerou grande debate no Parlamento foi a aprovação da suspensão do projecto de construção da linha circular do Metro de Lisboa – opção estrategicamente errada do ponto de vista da mobilidade urbana que contrariaria os interesses das populações –, em que o PS ficou isolado a acusar as restantes bancadas parlamentares de «irresponsabilidade», ensaiando já chantagem sobre a questão, com o anúncio de que equaciona levar a medida ao Tribunal Constitucional.

Para além disso, ficaram aprovadas a priorização da contratação para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) onde se preveja poder ocorrer a ruptura dos serviços, e a obrigação de o Governo proceder, até ao fim deste ano, à implementação de condições de acesso à reforma para pessoas com deficiência.

Também será alargada a capacidade de resposta ao nível dos cuidados paliativos, através da criação de um plano para dotar os hospitais de equipas intra-hospitalares de suporte nesta área, assim como se possibilita a criação do Laboratório Nacional do Medicamento.

PS continua a contar com a direita para limitar avanços mais decisivos

Pese embora prosseguir até ao último voto a batalha política pela consagração de avanços em diversas matérias, em muitas áreas ficaram pelo caminho os passos necessários na defesa dos interesses do País e das populações, com a direita a ajudar o PS a inviabilizar inúmeras medidas.

Entre as propostas que foram chumbadas neste OE estão questões tão diversas como o fim das parcerias público-privadas ou a eliminação das rendas excessivas na electricidade.

Tão pouco avançaram propostas como a do programa de remoção de amianto, a consagração de 1% do OE para a Cultura ou a aquisição de material circulante ferroviário.

No domínio fiscal perdeu-se a oportunidade de consagrar o englobamento obrigatório para rendimentos superiores a 100 mil euros ou a garantia de que todos os lucros realizados em Portugal são tributados no País. Em sede de IRS não se permitiu aumentar o mínimo de existência, nem criar um 8.º escalão, assim como se impediu a aprovação da redução da taxa de IRC para 15% para as micro, pequenas e médias empresas.

E, pese embora estar na ordem do dia a prioridade a dar ao combate à corrupção, o PS e a direita chumbaram a possibilidade de se criar um plano plurianual de investimento da investigação criminal e a admissão imediata de mais profissionais na Polícia Judiciária.

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Fernando Medina não concretizou, porém, quais os critérios sociais e económicos em que assenta o conceito de «classe média» para que uma família possa vir a beneficiar de uma medida desta natureza.

Para mais, esta medida eleitoral contrasta com o posicionamento de rejeição que o PS tem assumido na Assembleia da República, designadamente perante propostas que permitiriam ir no sentido de aplicar a gratuituidade das creches a todos os bebés a nível nacional.

Recorde-se que nas discussões do Orçamento do Estado para 2020 e 2021, o PCP propôs que fossem concretizadas «as medidas necessárias para assegurar a gratuitidade da frequência de creche para todas as crianças até 2023». Isto num quadro em que a Segurança Social deveria elaborar um «plano para a criação faseada de uma rede pública de creches», que abrangesse as «necessidades em todo o território nacional». Estas propostas mais abrangentes foram rejeitadas pelo PS.

Não obstante, ficou consagrada logo em 2020, também por iniciativa dos comunistas, a gratuitidade para as crianças cujo agregado familiar pertença «ao primeiro escalão de rendimentos da comparticipação familiar» ou ao «segundo escalão de rendimentos da comparticipação familiar a partir do segundo filho», medida que beneficiou muitos milhares de famílias.

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PSD chumba redução das creches para famílias com quebra de rendimentos

O PSD alterou o sentido de voto nas propostas do BE, PCP e PEV de redução da mensalidade das creches das famílias com quebra de rendimentos devido à covid-19, ditando o chumbo desta medida.

CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

Em causa estão propostas de alteração ao Orçamento do Estado Suplementar, que começou a ser votado esta terça-feira na especialidade, e que quando foram submetidas a votação, pela manhã, tiveram luz verde do PSD.

No entanto, no final dos trabalhos deste primeiro dia de discussão e votação na especialidade, o PSD indicou pretender alterar, de 'favorável' para 'abstenção', o seu voto na parte das propostas que visava a redução da mensalidade das creches.

Com algumas diferenças entre si, as medidas apresentadas seguiam no sentido de permitir o alívio do encargo financeiro mensal com as creches.

O BE propunha uma redução da mensalidade das creches proporcional à perda de rendimentos para as famílias confrontadas com uma perda de rendimentos em pelo menos 20% desde o início do surto epidémico.


Já a proposta do PCP, que inicialmente foi aprovada, apontava para a revisão do valor da comparticipação familiar nas valências de apoio à infância «cujas actividades estiveram ou se encontrem suspensas», sendo esta revisão feita mediante requerimento das famílias.

A medida previa também que, neste processo de revisão, fossem considerados os rendimentos auferidos pelo agregado desde o dia 1 de Março de 2020, para definição do rendimento per capita.

A proposta contemplava ainda a elaboração de um plano de pagamento para as famílias com mensalidades em dívida e proibia a anulação de matrículas ou a cobrança de penalidades ou juros por falta ou atraso no pagamento das mensalidades.

«Se, no período de restrições decorrentes da pandemia covid-19, tiver ocorrido redução de rendimento do agregado familiar onde se insere a criança que frequenta estabelecimento de apoio à infância, há lugar a revisão do valor da respectiva mensalidade», determinava, por seu lado, a proposta d'«Os Verdes».

Com agência Lusa

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E, em 2021, o PCP conseguiu ver aprovada a «proibição de anulação de matrícula ou cobrança de penalidades ou juros em creches», no caso dos «agregados familiares» que comprovem ter tido «quebra do seu rendimento mensal», no contexto da pandemia.         

Recorde-se que Fernando Medina é presidente da Câmara Municipal de Lisboa desde 2015, momento em que sucedeu no cargo a António Costa. E, em 2017, venceu as eleições autárquicas na capital.

As eleições autárquicas estão marcadas para 26 de Setembro e, com este anúncio, Fernando Medina junta-se à corrida à presidência da autarquia a Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU), Bruno Horta Soares (IL), Nuno Graciano (Ch), Beatriz Gomes Dias (BE), Manuela Gonzaga (PAN), Rui Tavares (Livre) e Tiago Matos Gomes (Volt).

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