Em declarações à Lusa, uma das manifestantes que se concentrou hoje em frente ao restaurante Madureira’s da rua Santos Pousada, na Baixa do Porto, Conceição Sá, de 32 anos de idade, contou que foram quase dez anos a trabalhar no grupo de restaurantes Madureira's.
«Despediram-me, dizendo que era por causa da pandemia [da Covid-19], que não podiam ter tantos trabalhadores, e no fundo aproveitaram-se dessa situação», recorda, acrescentando que lhe estão a dever a indemnização pelo tempo em que trabalhou na empresa.
Ao som da música «O Primeiro Dia», do cantor e compositor Sérgio Godinho e ao lado duma faixa onde se podia ler «Trabalhadores do grupo Madureira's em luta na defesa dos direitos», os manifestantes garantiram que não vão desistir dos direitos que lhes estão a ser negados.
Nuno Coelho, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte (Sindicato da Hotelaria do Norte/CGTP-IN), realçou que esta era a quarta iniciativa de manifestação à porta dos restaurantes Madureira's nos últimos dois meses e o sindicalista promete que «vão continuar» enquanto a empresa não responder aos trabalhadores.
«As empresas do grupo Madureira’s aproveitaram-se da pandemia para fazer cessar o contrato de trabalho de mais de 50 trabalhadores e não lhes pagaram os direitos devidos», denuncia o sindicato. O protesto promovido hoje pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte (Fesaht), associado à CGTP-IN, realizou-se em frente ao Restaurante São Mamede, em São Mamede de Infesta, e contou com a presença de trabalhadores despedidos durante a pandemia. O Fesaht tem vindo a desenvolver um conjunto de protestos contra estes despedimentos, alertando que a empresa «tem cerca de duas dezenas de restaurantes que vivem uma boa situação económica», que não justificam esta atitude. «As empresas não pagaram qualquer importância a título de indemnização e nem sequer pagaram devidamente a todos os trabalhadores férias, subsídio de férias e subsídio de natal». Para além disso, a empresa fez «acordos de pagamento em 12 prestações dos valores irrisórios que se comprometeram a pagar, havendo trabalhadores a receber pouco mais de 40 euros mensais». Muito embora o sindicato tenha já promovido um conjunto de reuniões com o Ministério do Trabalho e as direcções das empresas, estas continuam a recusar-se a pagar as diferenças reclamadas, o que motivou o protesto do sindicato, que entende que «ninguém deve enriquecer à custa da exploração dos trabalhadores». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Madureira's: Sindicato protesta a cessação de contrato de mais de 50 trabalhadores
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«A gente vai continuar com isto, porque efectivamente é um direito que os trabalhadores têm e que não está a ser cumprido», acrescentou o dirigente do Sindicato da Hotelaria do Norte, recordando que o grupo Madureira's «recorreu aos apoios extraordinários governamentais e ao lay-off e que, por isso, não tinha «razão nenhuma para despedir estes trabalhadores».
Segundo informação distribuída esta sexta-feira à comunicação social pelo Sindicato de Hotelaria do Norte, o grupo Madureira's «não pagou qualquer importância a título de indemnização» e também não pagou «devidamente as férias vencidas, respectivo subsídio de férias e o subsídio de Natal proporcional».
O grupo Madureira’s tem cerca de 20 restaurantes (Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Gondomar, Rio Tinto), e as empresas do grupo «vivem uma boa situação económica», refere a nota distribuída aos jornalistas.
A estrutura sindical denuncia que, «nos últimos anos, o grupo cresceu muito e é bem visível o nível de riqueza dos seus sócios». Contudo, as empresas do grupo Madureira's «aproveitaram-se da pandemia, fizeram cessar o contrato de trabalho de mais de 50 trabalhadores e não lhes pagaram os direitos devidos».
O sindicato revela ainda que já foram realizadas «várias reuniões» no Ministério do Trabalho com as empresas do grupo, mas que estas se têm recusado a pagar as diferenças reclamadas.
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