|Cazaquistão

Forças de manutenção de paz destacadas no Cazaquistão

A Organização do Tratado de Segurança Colectiva enviou um contingente para «estabilizar» a situação no Cazaquistão, na sequência do pedido do presidente cazaque para fazer frente à «ameaça terrorista».

Forças de segurança nas ruas de Nur-Sultan, a capital do Cazaquistão 
CréditosTurar Kazangapov / TASS

O secretariado da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (OTSC), um bloco de seis países da ex-URSS composto por Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão, disse esta quinta-feira à imprensa que as forças de manutenção da paz do organismo tinham sido enviadas para o país da Ásia Central, onde deverão permanecer por um período limitado de tempo, com o propósito de «estabilizar e normalizar a situação».

Forças militares russas já estão a desempenhar tarefas no terreno, segundo a TASS, e serão acompanhadas na missão de protecção de edifícios estatais e militares cazaques por elementos das forças armadas dos outros países da OTSC.

A decisão de enviar um contingente de paz para o Cazaquistão seguiu-se ao pedido realizado pelo chefe de Estado, Kassym-Jomart Tokayev, e «tendo em conta a ameaça à segurança nacional e à soberania da República do Cazaquistão, provocada em particular pela interferência externa», informou esta quinta-feira o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, que preside à OTSC em 2022.

«Ameaça terrorista»

Numa declaração transmitida pelo canal Khabar-24, Tokayev classificou os fortes protestos e violentos distúrbios que afectam o país desde 2 de Janeiro como uma «ameaça terrorista», que «está a minar a integridade do Estado». Nesse sentido, considerou bastante «oportuno» o pedido de ajuda que fez aos parceiros da OTSC.

Os protestos duram há cinco dias consecutivos. No dia 2, houve manifestações nas cidades de Zhanaozen e Aktau (Sudoeste do Cazaquistão) contra a subida dos preços do gás natural liquefeito.

Dois dias depois, registaram-se fortes distúrbios em Almaty, a antiga capital, no Sudeste do país, bem como noutras cidades, como Atyrau e Aktobe (Ocidente), Uralsk (Noroeste), Taraz, Shymkent e Kyzylorda (Sul), Karaganda (Nordeste) e na capital, Nur-Sultan.

De acordo com a RT, os protestos, inicialmente «pacíficos», rapidamente se tornaram «descontrolados» e «violentos». Em Almaty, a maior cidade do país asiático, com cerca de dois milhões de habitantes, ontem foi um dia particularmente violento, com multidões a atacarem edifícios governamentais, incluindo a antiga residência presidencial e a sede do município.

O aeroporto, tomado pelos manifestantes, foi posteriormente «reconquistado» pelas forças de segurança. Lojas de armas, instalações comerciais, bancos, hospitais foram atacados e saqueados, segundo referem a RT e a TASS.

Polícia e manifestantes frente a frente em Almaty / Vladimir Tretyakov / TASS

Operação contra elementos «altamente organizados» em Almaty

Ontem, Kassym-Jomart Tokayev aceitou a demissão do governo cazaque – que continuará em funções até ser aprovado um novo executivo – e declarou o estado de emergência por duas semanas nas regiões de Manguistau e Almaty, assim como nas cidades de Almaty e Nur-Sultan, que foi posteriormente alargado a todo o país.

Ao fim do dia, foi anunciada uma operação de contraterrorismo na cidade de Almaty «para restabelecer a ordem» e fazer frente a «bandidos extremistas» que, além dos saques, estavam «a pôr em causa a vida de civis».

Em comunicado, as autoridades afirmaram que os «bandidos» estavam «altamente organizados, evidenciando que foram bem treinados nos estrangeiro».

Sobre a operação posta em curso esta madrugada, Altanat Avirbek, porta-voz da Polícia, disse que as forças de segurança tinham conseguido evitar que os edifícios policiais em Almaty fossem tomados pelos manifestantes.

Estes tentaram assumir o controlo da sede da Polícia e de várias esquadras da cidade, disse Avirbek esta manhã, acrescentando que «dezenas de atacantes foram eliminados», refere a RT. «As suas identidades estão agora a ser definidas», explicou, sem dar mais detalhes.

De acordo com o canal russo, centenas de tropas cercaram a principal praça de Almaty e registou-se troca de tiros com um grupo de «agitadores».

De acordo com as autoridades cazaques, pelo menos 13 elementos das forças de segurança foram mortos, dois dos quais decapitados, nos violentos confrontos em Almaty. O número de feridos entre os polícias e outras forças de segurança chega a 353, refere o canal de TV estatal Khabar-24.

As decapitações são referidas como uma «prova directa da natureza extremista e terrorista dos grupos» envolvidos nos protestos, segundo as autoridades.

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