As denúncias partem da Organização Concelhia de Cascais do PCP que, em comunicado enviado ao AbrilAbril, alerta para o facto de 21 das mais de 100 propostas de alteração ao PDM pretenderem «transformar espaços verdes ou espaços não construídos em zonas habitacionais, de desenvolvimento de actividades económicas ou classificações afins, dando mais uma machadada na já deficitária estrutura verde do concelho».
Para os comunistas não há dúvidas de que a intenção deste executivo, liderado por Carlos Carreiras, do PSD é o de «promover alterações da classificação do território favorecendo os negócios privados e a especulação imobiliária, permitindo a ocupação dos mais diversos recantos, ainda verdes, do concelho» com ainda mais construção.
A autarquia destruiu hortas informais construídas, sobretudo, por reformados que assim ocupavam o seu tempo, sem aviso prévio. O assunto foi levado à reunião de Câmara, esta terça-feira. O episódio aconteceu na passada sexta-feira. Sem qualquer informação prévia, a Câmara Municipal de Cascais mandou destruir um conjunto de hortas informais no Vale da Amoreira e o que nelas havia: desde as cercas que delimitavam o espaço, às barraquinhas onde os utilizadores, alguns há cerca de 40 anos, guardavam as suas ferramentas. Ao AbrilAbril, o vereador do PCP, Clemente Alves, regista que se trata de «uma falta de respeito» pelas pessoas que cuidavam a terra, salientando que, no concelho de Cascais, existem mais hortas informais do que aquelas que são apoiadas e organizadas pela Câmara Municipal. Relativamente à recente destruição, afirma que foi justificada pela autarquia, na reunião desta manhã, devido ao «mau aspecto» e porque as pessoas «estavam a usar produtos químicos». Clemente Alves denuncia que a autarquia se preocupa «com um grão de pesticidas numa horta informal, mas mantém-se em silêncio perante o atentado ambiental, cometido diariamente em Trajouce, que consiste no despejo de 200 mil litros de águas lixiviadas, provenientes da lixeira da Abrunheira, em Mafra, e que no dizer do presidente da Câmara: "Têm que ser despejadas em algum lado, e porque não em Cascais?"». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Câmara de Cascais destrói hortas urbanas por causa do «mau aspecto»
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«Em toda a linha de costa são apresentadas propostas que permitirão construir nas poucas bolsas livres, que deveriam ser utilizadas para complementar a estrutura ecológica do concelho e promover a transição adequada entre a linha de costa e o interior», mas não parece ser essa a ambição do executivo.
O que transparece em todo este processo é a «aposta na saúde privada, nos cuidados à 3.ª idade privados, no turismo e habitação de luxo», e o desinteresse em investir em «zonas habitacionais a custos controlados, para resolver o problema dos valores absurdos dos preços da habitação» ou na «adaptação aos cenários de alterações climáticas».
No entender dos deputados municipais do PCP, a proposta de alteração do PDM acaba por «promover um concelho mais desigual, onde se torna cada vez mais difícil sobreviver», deixando, os comunistas, a promessa de que não deixarão de «questionar, de intervir, de agir, na defesa das populações e dos seus direitos, por uma melhor qualidade de vida para os que moram, estudam, trabalham ou visitam Cascais».
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