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Trabalhadores equatorianos nas ruas pelos direitos e contra as privatizações

O protesto visou contestar leis aprovadas e outras propostas pelo executivo de Guillermo Lasso, que os trabalhadores acusam de estar a promover a privatização do património do Estado.

Manifestação em Quito contra as privatizações, em defesa dos direitos dos trabalhadores e da Educação e da Saúde públicas 
Créditos / @CEDOCUT

Dinamizada pela Frente Unitária dos Trabalhadores (FUT), a manifestação nacional, em Quito, partiu ontem à tarde da sede do Instituto Equatoriano da Segurança Social e dirigiu-se para o centro histórico, mas sem conseguir alcançar a sede da Presidência da República, uma vez que a Polícia vedou os acessos ao Palácio de Carondelet.

Trabalhadores de vários sectores exibiram cartazes e faixas e gritaram palavras de ordem em defesa dos direitos laborais e, em simultâneo, denunciado aquilo que caraterizam como a onda de privatizações do governo de Lasso.

A FUT tem sublinhado que o projecto de lei de Captação de Investimentos, apresentado pelo governo no Parlamento com carácter económico urgente e que deve voltar a ser debatido hoje, implica a privatização de sectores estratégicos e é danosa para os interesses da população.

Na véspera, dirigentes sindicais expressaram a sua oposição à venda do Banco do Pacífico e às «concessões», que significam «privatizações». Em declarações à TeleSur, José Villavicencio, vice-presidente da FUT disse que é «muito preocupante para os equatorianos a questão das zonas francas e das parcerias público-privado, porque se quer concessionar ou privatizar inclusive a Educação e a Saúde».

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Sindicatos equatorianos convocam jornada nacional de protesto

A Frente Unitária dos Trabalhadores e outras organizações agendaram para 11 de Agosto uma jornada nacional de mobilização contra medidas que afectam os trabalhadores e as camadas com menos rendimentos.

Créditos / americaeconomica.com

A Frente Unitária dos Trabalhadores (FUT), a União Nacional dos Educadores (UNE) e a União Geral dos Trabalhadores do Equador (UGTE) comprometeram-se, esta terça-feira, a mobilizar os trabalhadores para a jornada de protesto.

O presidente da FUT, Ángel Sánchez, disse numa conferência de imprensa que a decisão de avançar para a jornada nacional de luta está relacionada com a resistência do governo a ouvir a voz dos trabalhadores.

A falta de diálogo entre a administração central e sindicatos e organizações sociais é uma das críticas que têm sido feitas ao chamado «governo do encontro», liderado pelo neoliberal Guillermo Lasso.

Outra exigência dos sindicatos é a do congelamento dos preços dos combustíveis, que aumentam cada vez mais, explica a TeleSur, devido à aplicação de um decreto emitido pelo governo do ex-presidente Lenín Moreno e que a actual a administração mantém em vigor.

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Protesto contra o FMI e as medidas neoliberais do governo equatoriano

Em Quito e noutras cidades, trabalhadores, estudantes, desempregados e representantes de várias organizações sociais uniram-se esta quinta-feira para dizer «não» aos acordos do governo com o FMI.

Créditos / nodal.am

Além de exigirem o fim dos pactos celebrados por Lenín Moreno com o Fundo Monetário Internacional (FMI), por colocarem o país em situação de dependência e agravarem as condições de vida dos trabalhadores, os manifestantes centraram as suas críticas na política económica do governo.

As marchas, previstas para 17 das 24 províncias do país sul-americano, foram convocadas pela Frente Unitária dos Trabalhadores (FUT), com o apoio de várias outras organizações, como a Federação dos Estudantes Universitários do Equador (FEUE), que reafirmaram as críticas aos cortes orçamentais no ensino superior.

Ao convocar a jornada de protesto, o presidente da FUT, Mesías Tatamuez, sublinhou que os trabalhadores vinham para as ruas defender os que estão no desemprego e exigir ao governo que respeite os direitos dos trabalhadores, o fim dos despedimentos, melhores salários e as verbas necessárias para os sectores da Saúde e da Educação, indica a TeleSur.

A FUT também reiterou a sua clara oposição à chamada Lei de Apoio Humanitário, que entrou em vigor em Junho último. O dirigente sindical Edwin Bedoya afirmou que essa lei, «promovida pelo executivo para alegadamente fazer frente à crise gerada pela Covid-19, precariza a situação laboral, permite o despedimento imediato, não respeitando os direitos dos trabalhadores, e não cria emprego».

«Não dialogamos com quem mata à fome o povo equatoriano»

Por seu lado, Nelson Erazo, presidente da Frente Unida, sublinhou que «aquilo que o povo equatoriano pede é a adopção de medidas que melhorem a qualidade de vida, e não medidas que geram mais desemprego e miséria» no país andino. Acrescentou que, neste momento, «não vamos dialogar com quem diz que vai resolver os problemas, mas mata à fome o povo equatoriano».

Participando na manifestação em Quito, tanto Tatamuez como Erazo criticaram o dispositivo de segurança criado pelas autoridades, que colocou nas ruas mais de 47 mil efectivos, além de barreiras e arame farpado em todos os acessos ao Palácio de Carondelet, sede da presidência da República, refere a Prensa Latina.

Na capital, a marcha partiu do Instituto Equatoriano de Segurança Social e dirigiu-se para a Praça Santo Domingo, na zona histórica, onde terminou com cânticos e palavras de ordem contra o neoliberalismo.

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As estruturas sindicais uniram-se também para denunciar, entre outros aspectos, a falta de emprego e a não aplicação das reformas aprovadas na Assembleia Nacional à Lei Orgânica da Educação Intercultural (LOEI), que incluem aumentos salariais para os docentes e alterações ao programa de bacharelato, abordam questões como a violência e o assédio, reconhecem os anos de carreira dos docentes e os seus direitos à reforma.

A este respeito, Sánchez anunciou que as marchas agendadas para dia 11 marcarão o início de múltiplos protestos contra o que designou como «incumprimento do governo de Guillermo Lasso e do Tribunal Constitucional».

A este último, informa a TeleSur, os sindicatos exigem que se pronuncie face ao pedido de inconstitucionalidade da reforma à LOEI, situação que levou 80 pessoas – professores, estudantes e pais – a entrar em greve de fome, há 23 dias.

Lasso não reverte rumo de Moreno, acusa FUT

Prevê-se que estudantes, agricultores e trabalhadores em geral adiram ao protesto, que visa também denunciar uma eventual privatização do Instituto Equatoriano de Segurança Social e de outras empresas estatais.

Por seu lado, o dirigente da FUT José Villavicencio criticou o governo de Lasso por dar continuidade às políticas impopulares exigidas nos acordos firmados com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no tempo de Moreno.

Denunciou igualmente a aplicação da chamada Lei Humanitária, implementada no contexto da pandemia do novo coronavírus pelo governo anterior e que deixou um saldo de 1,2 milhões de trabalhadores despedidos. Os sindicatos, disse, pediram a Guillermo Lasso que mudasse de rumo, mas não obtiveram resposta alguma.

O cumprimento das promessas feitas na campanha eleitoral é outra das exigências dos sindicatos, que pedem ao executivo equatoriano que não use o plano de vacinação contra a Covid-19 – que consideram positivo – como cortina de fumo para tapar os outros problemas que atingem o povo e os trabalhadores.

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No mesmo sentido, criticou que se queira «exonerar do pagamento de imposto sobre rendimentos quem investe no país, durante dez, 20 ou até 40 anos».

Também o presidente da FUT na província de Pichincha, Edwin Bedoya, questionou o projecto de lei de Captação de Investimentos, porque, em seu entender, «acaba com as verbas para as áreas sociais» e conduz à «privatização de áreas estratégicas».

«Temos de dizer ao governo que não podemos vender o património do Estado, que é garantia para o futuro dos nossos filhos», frisou.

Na mobilização desta quarta-feira, estiveram professores, estudantes, funcionários municipais, trabalhadores da Empresa Eléctrica de Quito e organizações de mulheres, tendo defendido a Segurança Social, os direitos dos trabalhadores e a garantia de emprego com qualidade, num contexto de crises económicas sucessivas, agravadas pelos efeitos da pandemia.

A reivindicação de orçamento para as universidades também esteve presente no protesto, que deu sequência a acções levadas a cabo em Janeiro último.

Em declarações à Prensa Latina, Nelson Erazo, dirigente da Frente Popular, disse que representantes dos diversos sectores estarão hoje junto à Assembleia Nacional, à espera da decisão do plenário sobre o projecto de lei contestado.

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