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EUA: Amazon bate recordes em despesas com campanhas anti-sindicais

O gigante do retalho gastou pelo menos 14,2 milhões de dólares em «consultores», o ano passado, no contexto da campanha para anular qualquer tentativa de formação de sindicatos na empresa.

A Amazon espera contratar cerca de 100 mil trabalhadores com vínculos temporários para a época natalícia. Para esses, o mínimo de 15 dólares por hora também será aplicado
É frequente, nos EUA, as grandes empresas contratarem consultores que se dedicam a criar e implementar campanhas anti-sindicais CréditosFriedemann Vogel / EPA

O valor relativo a 2022, divulgado numa informação do Departamento norte-americano do Trabalho, representa mais do triplo do que a Amazon gastou no ano anterior para tentar evitar que os trabalhadores se organizassem sindicalmente nos armazéns espalhados pelos EUA.

Em Abril de 2022, um armazém em Staten Island (Nova Iorque) tornou-se o primeiro do país a conseguir criar um sindicato na Amazon; no entanto, o gigante do comércio electrónico conseguiu impedir que o mesmo ocorresse noutros locais.

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Amazon vai receber subsídios multi-milionários para instalar dois novos escritórios

A Amazon, uma das empresas mais lucrativas do mundo, conseguiu pôr 200 cidades americanas a lutar pelos seus escritórios e acabou por ganhar mais de 4,6 mil milhões de dólares em subsídios.

O governador do estado de Nova Iorque, Andrew Cuomo (esquerda), e o presidente da câmara da cidade de Nova Iorque, Bill de Blasio (direita), durante a conferência de imprensa em que anunciaram os apoios públicos à Amazon pela sua instalação no bairro nova-iorquino de Queens. 13 de Novembro de 2018
CréditosJustin Lane / EPA

O concurso lançado há mais de um ano pela Amazon prometia a instalação da sua segunda sede, pomposamente apelidada «HQ2» pela empresa, que iria criar mais de 50 mil postos de trabalho altamente qualificados e bem pagos. Em troca, a Amazon pediu tudo o que cada cidade lhe pudesse dar: borlas fiscais, promessas de investimento ou, pura e simplesmente, dinheiro.

A escolha, anunciada a 5 de Novembro, confirmou as previsões, ainda que de uma forma inesperada: afinal, a HQ2 vai dividir-se entre duas zonas próximas às cidades de Nova Iorque e de Washington, D.C., os centros financeiro e político dos EUA.

As promessas por parte dos responsáveis estaduais e locais devem permitir à Amazon encaixar, pelo menos, 4,6 mil milhões de dólares (4 mil milhões de euros) de subsídios públicos. O valor, calculado pela organização Good Jobs First, é o dobro do anunciado pela Amazon, revela o The Intercept.

Apesar de esta ser uma prática comum nos EUA, o autêntico leilão entre 238 cidades ganhou uma dimensão extrema, não só pelo número de interessados como pelos valores em causa. As ofertas ascenderam a mais de 8 mil milhões de dólares, de acordo com os dados que são conhecidos – a Amazon impôs um acordo de confidencialidade aos participantes na segunda fase do processo, após a selecção de 20 cidades, em Janeiro.

Os críticos do processo – como vários eleitos locais, estaduais e federais que participaram num protesto, esta quarta-feira, no bairro nova-iorquino seleccionado –, acusam a Amazon de ter empolado as suas intenções para garantir ganhos importantes. A escolha de Nova Iorque e da área metropolitana da capital federal era esperada, argumentam, lembrando que o governo federal é um dos principais clientes da empresa.

Com o leilão, a Amazon recolheu informação importante sobre os planos de desenvolvimento das autoridades públicas dos principais centros urbanos dos EUA. E pode ter conseguido instalar-se nos sítios onde se iria instalar de qualquer forma com benefícios que não teria de outra forma.

A empresa, fundada e presidida por Jeff Bezos, considerado o «homem mais rico do mundo» pela revista Forbes, apresentou recentemente lucros trimestrais superiores a mil milhões de dólares pela quarta vez consecutiva.

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O periódico The Hill lembra que, nos Estados Unidos, é habitual as grandes empresas contratarem «consultores anti-sindicais», que criam e põem em prática estratégias para «convencer» os trabalhadores a não criarem uma organização sindical.

A mesma fonte indica que a Amazon «realizou inúmeras reuniões anti-sindicais, a que os trabalhadores eram obrigados a assistir, e colou cartazes com "Vote não" nos seus armazéns», referindo-se a estas medidas como «tácticas comuns».

Em Janeiro último, um juiz federal decretou que a empresa violou leis laborais «ao ameaçar reter aumentos salariais no caso de os trabalhadores votarem a favor da criação de um sindicato», indica ainda The Hill.

Na informação do Departamento do Trabalho, a Amazon escreveu que os consultores foram contratados para ajudar «a expressar a opinião da empresa sobre a representação sindical, e para educar os trabalhadores sobre essas questões, o processo eleitoral e os seus direitos ao abrigo da lei».

Uma representante da Amazon afirmou que as eleições sindicais em instalações da empresa exigiam uma maior comunicação com os trabalhadores e que era necessário garantir que «os nossos funcionários estavam inteiramente informados sobre os seus direitos e como as decisões sobre a representação externa poderiam ter impacto nas suas vidas diárias».

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Esquerda francesa reage mal à Legião de Honra atribuída a Jeff Bezos

No dia 16 Fevereiro, quinta jornada de mobilização nacional contra a reforma das pensões, Macron atribuiu, em segredo, ao multimilionário norte-americano a Legião de Honra, revelou o semanário Le Point.

Jeff Bezos (iamgem de arquivo) 
CréditosXavier Collin / francetvinfo.fr

A peça do Le Point ontem publicado só é acessível a assinantes, mas outros meios de comunicação confirmaram a informação ali divulgada: o fundador da Amazon, actual director executivo do gigante do retalho electrónico, é Cavaleiro da Legião de Honra.

A condecoração mais importante do Estado francês foi atribuída a Bezos no passado dia 16, «numa cerimónia faustosa mas confidencial», revelam os periódicos com acesso ao Le Point.

Nesse dia, mais de um milhão de pessoas (1,3 milhão) mobilizavam-se pela quinta-vez, desde 19 de Janeiro, contra um projecto que, entre outros aspectos, prolonga a idade legal de reforma dos 62 para os 64 anos.

Os sindicatos denunciam que os franceses vão ser obrigados a trabalhar mais por menos e que a proposta governamental é «brutal, inaceitável e injusta».

Representantes da esquerda recorreram ao Twitter para expressar a sua indignação. «Emmanuel Macron entrega a Legião de Honra a Jeff Bezos, patrão da Amazon, explorador mundial e rei da optimização fiscal», criticou o deputado e secretário nacional do Partido Comunista Francês, Fabien Roussel.

Em seu entender, «a doutrina do presidente» consiste em «castigar todos os franceses e recompensar os multimilionários».

Por seu lado, Leïla Chaibi, deputada ao Parlamento Europeu pelo França Insubmissa, escreveu com ironia: «Bravo, Jeff Bezos!» E acrescentou: «Enquanto nos manifestávamos contra a sua reforma das pensões, Macron condecorou-o em nome de França por fugir aos impostos em milhares de milhões, por destruir o planeta e espiar os trabalhadores», aludindo à jornada de mobilização de 16 de Fevereiro e a várias acusações existentes contra o gigante do retalho.

Entre os membros do França Insubmissa, o deputado à Assembleia Nacional Bastien Lachaud foi outro dos que se referiram à situação, criticando Macron por atribuir a Legião de Honra a Bezos, «campeão da evasão fiscal», «saqueador de empregos e da natureza».

«Mais que nunca, o presidente dos ricos!», escreveu, criticando Macron.

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Num relatório recente, o Economic Policy Institute (EPI) estima que as grandes empresas gastem mais de 400 milhões de dólares por ano, nos EUA, em consultores que se dedicam a evitar a formação de sindicatos.

«As campanhas de organização sindical muito mediatizadas e os ataques a essas campanhas em empresas como Amazon, Starbucks e Google viraram os holofotes para os trabalhadores que lutam por melhores salários e condições de trabalho. Contudo, as tentativas de fazer descarrilar esses esforços por parte das empresas estão a aumentar, com um custo de mais de 400 milhões dólares por ano», lê-se no texto da EPI.

O documento nota, no entanto, que a estimativa é feita por baixo, uma vez que a legislação tem buracos que permitem às empresas não declarar aquilo que de facto gastam, afirmando que os consultores prestam simplesmente uma actividade de «assessoria».

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