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Previsões de Bruxelas indicam crescimento do PIB enquanto trabalhadores perdem

Após análise do Programa de Estabilidade, a Comissão Europeia prevê que haverá um crescimento do PIB superior ao esperado. Esta previsão não pode estar desligada da ameaça para não se aumentarem salários. 

CréditosManuel de Almeida / Agência Lusa

Poderiam ser boas notícias, e até são, mas apenas para uns poucos. Em Abril, o Governo português remeteu a Bruxelas o Programa de Estabilidade 2023-2027 no qual era feita uma estimativa de crescimento de 1,8% para este ano e de 2% no próximo. Acompanhando essa previsão estão também os números da redução da dívida pública que escondem a necessidade de investimentos nos serviços públicos dada a sua degradação. 

Após a análise do documento foi a vez da Comissão Europeia se pronunciar e fazer as suas previsões, contrariando o Governo português e antecipando que a economia portuguesa cresça 2,4% este ano e 1,8% no próximo. Apesar deste crescimento, não dando ponto sem nós, Bruxelas espera que o défice desça para 0,1% do PIB, 0,3 pontos percentuais abaixo do esperado pelo Governo, algo que poderá obrigar a um reajuste dado o fascínio do Governo pelas «contas certas». 

Fernando Medina já reagiu dizendo que «são boas notícias para a economia portuguesa que nos permitem enfrentar o atual contexto adverso, com uma inflação mais alta do que desejaríamos e em que há vários estratos da população portuguesa que necessitam de apoio e atenção do Estado». O Ministro da Finanças ignora assim os avisos do BCE que colocam o problema da inflação na parte da procura, ou seja, dos trabalhadores e das famílias e já avisou em Janeiro, relativamente a Portugal, que os apoios contra a crise estão mal desenhados e podem agravar a inflação. Claro está que o Governo quererá continuar a política de ajudas pontuais ao invés de aumentar realmente os salários. 

De qualquer das formas, tanto as previsões da Comissão EUropeia como as do Governo levam os trabalhadores, reformados e pensionistas a questionar a deterioração do nível de vida uma vez que se a economia cresce, resta as essas instituições dizer onde, uma vez que se verifica uma perda real do poder de compra. O Governo poderá querer resgatar a frase de Luís Montenegro em 2014 quando disse que «a vida das pessoas não está melhor mas a do País está muito melhor».

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