A falta de respeito para com os trabalhadores mantém-se. A Altice, que por via dos seus administradores se viu metida em escândalos que desvalorizaram a empresa, teve sempre os trabalhadores a dar a cara e a garantir que todo o serviço cumprido, opta por desvalorizar quem faz realmente a empresa.
Acontece que decorre um processo de negociação para a revisão salarial, algo central dado o brutal agravamento do custo de vida, ao qual acresce perda do poder de compra nestes últimos anos. Na visão do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais o que deveria ser expectável era que, uma vez que a Altice continua a acumular receitas de muitos milhões, a administração da empresa devia estar sensível à questão. Não é o caso.
Ante a necessidade de aumentos dos salários que garantam que os trabalhadores não empobrecem a trabalhar, a CEO da Altice, Ana Figueiredo, optou por apresentar uma proposta que na realidade constitui um insulto. A proposta patronal, ao fim de sete sessões de negociação, assenta apenas no aumento de 1,5%. Importa recordar que os preços das telecomunicações subiram acima da inflação no mês de Dezembro.
Face a isto, os trabalhadores vão fazer ouvir o seu descontentamento. Amanhã os trabalhadores da Altice, vão estar concentrados das 16 horas às 24 horas em frente à sede da Altice e no sábado, dia 27 de Janeiro, na região do Porto, vão estar concentrados pelas 15 horas, em frente à Câmara Municipal do Porto.
Segundo o sindicato, os locais escolhidos são considerados de «excelente visibilidade para denunciar o péssimo tratamento de que são vítimas ao longo dos últimos oito anos de presença da Altice que já culminou num despedimento coletivo que abrangeu mais de duzentos trabalhadores».
Importa recordar que a Altice está neste momento num processo de venda, havendo já 23 interessados na sua compra. Na lista de interessados encontra-se o fundo americano Warburg Pincus, que se aliou a António Horta-Osório para realizar uma oferta de mais de seis mil milhões de euros pelos; a Saudi Telecom, que detém 9,9% da espanhola Telefónica; ou o multimilionário francês Xavier Niel, fundador da operadora Iliad. Ou seja, a empresa está em boas condições, é valiosa e teria todas as condições para aceder às reivindicações dos trabalhadores. O patronato é que não quer.
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