«Estamos a aumentar a nossa meta para 150 mil dólares para enviar mais ajuda àqueles que enfrentam apagões, escassez e danos causados pelos furacões», divulgou este sábado na sua conta de Twitter (X) a organização The People’s Forum, que, juntamente com o Projecto Hatuey e o Partido pelo Socialismo e a Libertação (PSL), é responsável por este esforço coordenado.
O objectivo inicial dos promotores era juntar 100 mil dólares para a compra de alimentos e geradores de electricidade, para depois os enviar a Cuba, num contexto de emergência energética associada à passagem de um furacão pela região oriental do país.
Manolo de los Santos, director executivo da plataforma The People's Forum, afirmou que o bloqueio económico, comercial e financeiro dos Estados Unidos a Cuba é uma política genocida. «Um dos exemplos de genocídio no direito internacional é privar um povo da sua alimentação e isso vemo-lo claramente no caso da hostilidade do governo norte-americano em relação ao povo cubano», declarou De los Santos em Havana na sexta-feira. O activista norte-americano de origem dominicana disse ainda que o «mesmo governo que financia o genocídio contra o povo palestiniano em Gaza também impõe um genocídio ao povo cubano», refere a Prensa Latina. De los Santos liderou a entrega de uma doação de 800 toneladas de farinha de trigo à Ilha, adquiridas na sequência da campanha «Let Cuba Live: Pão para os nossos vizinhos», promovida por The People's Forum, organização com sede nos Estados Unidos. Segundo revelou, milhares de pessoas nos EUA e noutros países responderam à iniciativa, «desde pessoas que doaram um dólar até pessoas que entregaram milhares de dólares». «Tudo isto é possível também graças à irmandade e às relações de trabalho com o Centro Martin Luther King, com o qual realizámos entregas de leite em pó e outros produtos necessários à vida», esclareceu. De los Santos disse ainda que o conceito subjacente à campanha era simples. «Cuba é nossa vizinha e não a podemos deixar passar fome», afirmou, sublinhando que se tratava de uma responsabilidade humana e política agir perante essa situação, «imposta directamente pela Casa Branca». «Falámos com 14 empresas diferentes nos Estados Unidos e dissemos-lhes de forma clara que queríamos fazer uma encomenda para a doar ao povo de Cuba», indicou, acrescentando que nenhuma se atreveu a vender farinha aos organizadores da campanha. «Para realizar a entrega com êxito, tivemos de procurar empresas noutras partes do mundo e a farinha acabou por ser enviada da Turquia, quando estamos simplesmente a 90 milhas [145 km] de Cuba», explicou. Centenas de pessoas, representantes de várias organizações norte-americanas, mobilizaram-se este domingo em Washington, exigindo o fim do bloqueio e a retirada de Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo. Membros de organizações anti-imperialistas e pessoas solidárias com Cuba juntaram-se, este domingo, frente à Casa Branca, em resposta ao apelo de mobilização realizado pela National Network on Cuba, para afirmar que «Cuba não é um Estado terrorista» e exigir o «fim do terrorismo norte-americano contra Cuba». A manifestação, que culminou uma semana nacional de solidariedade com a Ilha, durante a qual se pediu ao presidente Joe Biden que acabe com a actual política hostil, serviu também para dar visibilidade às moções que têm sido aprovadas em múltiplos municípios norte-americanos a exigir que se retire o país caribenho da lista, criada pelos EUA, de estados patrocinadores do terrorismo. Ao longo do fim-de-semana, noutros pontos do país, também houve mobilizações enquadradas no âmbito da campanha «Take Cuba off the List of State sponsors of terror», mas a marcha de Washington, que partiu do Monumento ao libertador José de San Martín e terminou frente à Casa Branca, tinha carácter nacional. «Estamos aqui para dizer a Joe Biden que retire Cuba da lista de estados patrocinadores do terrorismo e que o bloqueio tem de acabar», disse um dos oradores, citado pela Prensa Latina. Carlos Lazo, coordenador do movimento Puentes de Amor, viajou de Seattle para estar presente na capital, tendo destacado a importância da mobilização. Por seu lado, Elena Freyre, presidente de la Coalición Alianza Martiana, que viajou de Miami, defendeu que o presidente deve «cumprir as suas promessas», tendo recordado como, durante a campanha eleitoral, afirmou que, se fosse eleito, acabaria com as sanções a Cuba. Já Rosemarie Mealy, que viajou de Nova Iorque, destacou que os mais de 60 anos de bloqueio provocaram demasiado sofrimento ao povo cubano. Na sua conta de Twitter, a International Peoples' Assembly afirma que a mobilização de Washington teve lugar «em solidariedade com Cuba e o seu projecto socialista – um farol de esperança e resistência contra a agressão do imperialismo norte-americano». «Lutamos contra o imperialismo em casa e continuamos a construir a solidariedade internacional com Cuba e a sua luta contínua pela soberania», afirma. No local, Lillian House, da organização Answer Coalition, perguntou «porque é que Cuba é o maior inimigo dos EUA». «Porque se atreve a dizer que são um povo soberano. Porque Cuba se atreveu a correr com as empresas norte-americanas», sublinhou. «Muitos norte-americanos estiveram em Cuba e viram em primeira mão que [ali] dirigem tudo o que têm, por mais limitado que seja, para as necessidades do povo», declarou. «Cuba, mesmo sendo tão pequena, faz tanto pelo seu povo e é por isso que é o maior inimigo dos EUA. Não é porque que Cuba seja terrorista ou um Estado patrocinador do terrorismo, mas porque inflige terror nos corações dos imperialistas – com medo de que os oprimidos e os explorados vejam o seu exemplo e se revoltem e digam: "Recusamo-nos a ser subjugados!"», clamou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Isso é genocídio, isso é um acto de guerra», afirmou De los Santos, em alusão ao bloqueio e às dificuldades relatadas pelos organizadores da campanha, que deram conta de atrasos no embarque devido à «política norte-americana de acosso extremo e arbitrário em relação ao comércio de Cuba», indica o Peoples Dispatch. Para o director executivo de The People's Forum, o actual presidente norte-americano devia aproveitar o tempo que lhe resta de governação para «tirar Cuba da lista dos patrocinadores do terrorismo» e iniciar o processo com vista ao «levantamento do bloqueio» à Ilha. «Basta de discursos, basta de slogans, é hora de reiniciar as relações com Cuba», afirmou, frisando que esta exigência é também a de «centenas de milhares e milhões de norte-americanos». A primeira entrega da doação foi realizada na padaria La Vivoreña, do município Diez de Octubre (Havana), devendo o resto ser distribuído nas províncias de Pinar del Río, Mayabeque, Artemisa, Havana e Matanzas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
The People's Forum classifica como «genocídio» o bloqueio imposto a Cuba
Internacional|
Cuba é «o maior inimigo dos EUA porque se atreve a ser soberana»
Cuba, «um farol de esperança»
Contribui para uma boa ideia
Contribui para uma boa ideia
No texto que serve de fundamento à recolha de fundos, as três organizações norte-americanas explicam que, «neste momento, Cuba enfrenta uma grave situação de crise. No meio de um apagão eléctrico devastador, de um furacão e do bloqueio brutal em curso dos EUA, o povo cubano enfrenta condições urgentes que ameaçam a sua vida».
O documento sublinha a grave situação que Cuba atravessa, decorrente dos desastres naturais e da tentativa deliberada do governo dos EUA de estrangular a economia cubana e de limitar a sua capacidade de comércio. Por isso, os promotores destacam: «Devemos agir agora.»
«O povo cubano é resistente. Enfrentaram mais de 65 anos de um cruel bloqueio norte-americano, mas este momento é único: a tripla ameaça de bloqueio, furacão e apagão torna este momento especialmente urgente», alertaram.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, recebeu na capital russa a notícia da votação sobre a resolução contra o «bloqueio», apresentada pelo seu país, e definiu-a como uma «tremenda vitória». Pouco depois de aterrar na Federação Russa – primeira etapa de um périplo por vários países –, Díaz-Canel ficou a par da votação da resolução «Necessidade de pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América a Cuba», que o seu país apresentou na Assembleia Geral das Nações Unidas. «Tivemos a grata notícia de que alcançámos uma contundente vitória nas Nações Unidas, o que, por seu lado, se torna numa derrota para os Estados Unidos», disse o presidente cubano, em Moscovo, à imprensa que o acompanha neste périplo internacional. «Uma vez mais, o mundo reconheceu a causa cubana e defendeu Cuba, porque o mundo sabe que temos uma causa justa», frisou, citado pelo diário Granma. Valorizando a dimensão da vitória que o seu país acabara de obter em Nova Iorque, Díaz-Canel acrescentou: «Cuba é uma ilha pequena, mas em dignidade é tão grande como o mundo, porque o mundo está com Cuba.» Os países-membros das Nações Unidas voltaram a unir-se de forma quase unânime, esta quinta-feira, para aprovar a resolução que exige o fim do bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos a Cuba há mais de meio século. O texto foi aprovado com 189 votos a favor e sem abstenções. Apenas os Estados Unidos e Israel mantiveram uma posição contrária à exigência do fim do bloqueio, que visa destruir o sistema político, económico e social construído pelo povo cubano, constituindo uma «violação massiva» dos seus direitos humanos e um «acto de genocídio», segundo denunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez. A Ucrânia e a Moldávia não votaram – nem se abstiveram –, pelo que não entraram na contagem da votação. As oito emendas ao texto apresentadas pelos EUA – que inicialmente figuravam num documento único – tiveram de ser votadas individualmente e foram todas chumbadas. Essas emendas enquadram-se na estratégia de pressão mais intensa que os Estados Unidos exerceram junto das Nações Unidas, este ano, e que levou a que a votação, inicialmente prevista para 31 de Outubro, passasse para 1 de Novembro. Os representantes cubanos denunciaram, no final de Outubro, a «manobra política hostil» dos EUA, com o objectivo de «enfraquecer o apoio à ilha» numa votação que lhe é favorável nos últimos 26 anos. De acordo com Bruno Rodríguez, foi possível ver no plenário da Assembleia Geral das Nações Unidas «delegados da missão norte-americana e do Departamento de Estado a exercer pressões directas e, nalguns casos, quase públicas», indica a Prensa Latina. «Fizeram-no junto de representantes de estados-membros, e também de funcionários da secretaria da ONU», precisou o diplomata cubano. Mais de 30 países intervieram no debate que antecedeu a votação para expressar o seu apoio a Cuba e o repúdio pelo bloqueio. Diplomatas de países de várias regiões do planeta e representantes de organizações como o Grupo dos 77 ou o Movimento dos Países Não Alinhados sublinharam que o bloqueio imposto pelos EUA é um obstáculo ao pleno desenvolvimento de Cuba, constitui uma violação dos direitos humanos de todo um povo e afecta as relações do país caribenho com o resto do mundo, refere a Prensa Latina. Na sua intervenção, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez, insistiu que «o bloqueio constitui uma violação flagrante, massiva e sistemática dos direitos humanos dos cubanos e tem sido um impedimento essencial para as aspirações de bem-estar e prosperidade de várias gerações». Por seu lado, a representação norte-americana manteve a defesa do bloqueio e rejeitou a resolução contra essa política. A representante permanente dos Estados Unidos junto das Nações Unidas, Nikki Haley, voltou a referir-se aos direitos humanos e a uma suposta solidariedade com o povo cubano para justificar a continuidade dessa política condenada pelo resto do mundo. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
«O mundo está com Cuba»
Fim do bloqueio a Cuba, exigência renovada
Bloqueio é uma «violação dos direitos humanos»
Contribui para uma boa ideia
Na passada terça-feira, a organização anti-imperialista The People’s Forum publicou uma carta no diário The New York Times a exigir ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que, nos seus últimos 90 dias no cargo, reverta a «brutal política» de Donald Trump em relação a Cuba.
Em mais de seis décadas, o bloqueio custou a Cuba mais de 164 mil milhões de dólares em danos, incluindo cerca de cinco mil milhões de dólares em perdas apenas no último ano (de Março de 2023 a Fevereiro de 2024), refere a missiva, antes de relembrar que, ano após ano, os Estados Unidos ficam isolados na Assembleia Geral da ONU, com o mundo a condenar a sua política unilateral e hostil.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui