Intervenções de delegações estrangeiras

O mundo no congresso: solidariedade internacionalista

Várias delegações de partidos comunistas, operários e progressistas foram convidadas a estar presentes no XX Congresso do PCP, que decorreu entre sexta-feira e hoje, em Almada. Algumas apresentaram mensagens ao encontro, como foi o caso de Cuba, da Palestina, da Ucrânia e da Síria.

Imagem do XX Congresso do Partido Comunista Português, que começou na sexta-feira, dia 2, e terminou hoje, dia 4
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Cuba: evocação de Fidel, afirmação do socialismo

Na sua mensagem ao XX Congresso do PCP, o representante de Cuba começou por assinalar «a profunda consternação do povo cubano, dos povos latino-americanos e dos povos do mundo», referindo-se ao «desaparecimento do insigne comunista cubano, líder da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz, o nosso Comandante-em-Chefe», que «foi amado pelos povos e odiado pelas elites imperialistas». «É uma honra que nos fazem», acrescentou, dizendo ainda que «Cuba está de luto, Cuba está de luta».

«Quantas vezes as transnacionais imperialistas da informação tentaram denegrir a imagem de Fidel. E porquê? E como poderão agora explicar que o povo cubano e os povos do mundo chorem por ele?», perguntou.

Explicando ele mesmo, disse: «É que Fidel morreu mas continua vivo. Fidel representa o objectivo de luta dos povos. Fidel está na alma dos humildes do mundo. Nunca houve indiferença para com Fidel. Amaram-no apaixonadamente os povos e teve a grande honra de gerar o ódio dos egoístas, dos mesquinhos, dos medíocres, dos oportunistas, dos imperialistas, dos seus lacaios.»

«Fidel, comunista, ficou inscrito entre as mais proeminentes personalidades dos século XX e início do século XXI, tendo exercido uma enorme influência em acontecimentos mundiais, sempre pela libertação dos povos e a construção, com a sua teoria e prática revolucionária, de um projecto de mundo melhor, solidário, contrário à opressão do capital», salientou, concluindo: «Para mudar o mundo, para o fazer melhor».

Na abordagem ao actual contexto mundial, afirmou que a história apresenta «situações alarmantes» e destacou o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, bem como as suas consequências, nas quais enquadrou a «perigosa escalada de conflitos e guerras», que «são apresentadas de forma distorcida pelas transnacionais da informação, tudo para garantir que a oligarquia financeira mantém o seu poder global».

Neste sentido, salientou, de igual modo, o ressurgimento do fascismo, gerado no seio do capitalismo, bem como a contra-ofensiva que o imperialismo promove na América Latina, «procurando desestabilizar e fazer retroceder importantes processos democráticos progressistas e anti-imperialistas».

Centrando-se em Cuba e no mais recente congresso do Partido Comunista, realizado em Abril deste ano, disse que foi reafirmada a via do socialismo, «próspero e sustentável», assente ideologicamente no marxismo-leninismo, no ideário de José Martí e do líder da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz. Sobre a construção do socialismo, disse ainda: «O capitalismo não tem futuro, não é uma alternativa, não é uma alternativa válida para o desenvolvimento da nação cubana e a defesa da sua soberania».

Alertando para os perigos que rodeiam Cuba socialista «no mundo complexo e contraditório actual», para as «poderosas forças externas» que procuram subverter a Revolução, o representante de Cuba no XX Congresso do PCP valorizou o trabalho político-ideológico – «cada vez mais importante» – do Partido.

Mesmo a concluir a sua intervenção, disse: «A Revolução Cubana continuará a ser internacionalista e apoiamos decididamente os nosso aliados de luta», tendo-se referido ao Partido Comunista Português.


Palestina: sob a ocupação sionista

A Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) agradeceram, em seu nome e da OLP, o «compromisso de solidariedade internacionalista e de defesa da verdadeira democracia, dos direitos do homem e das classes populares», assumido pelos comunistas portugueses.

Ao abordarem a situação na Palestina, afirmaram que o «povo palestiniano sofre, há décadas, a odiosa e genocida ocupação sionista da sua pátria, suporta as mais cruéis atrocidades – perseguições, assassinatos impunes, castigo colectivo, encarceramento massivo dos seus cidadãos, o confisco das suas terras e propriedades, a construção do muro do apartheid, a demolição das suas casas, o arranco das suas árvores de fruto e o roubo das suas águas, a tortura física e psicológica dos nossos presos.» A isto, acrescentaram o cerco da Faixa de Gaza, «isolada por terra, mar e ar desde há uma década, convertida numa verdadeira prisão para 1 milhão e 800 mil seres humanos».

Existem, ainda, «mais de 7000 presos nas cadeias de Israel, entre eles representantes legítimos do povo, como o camarada Ahmed Saadat, secretário-geral da Frente Popular, Samer Al-Isawi, membro do Comité Central da Frente Democrática, e Marwan Barguti, dirigente da Al-Fatah», destacaram.

No final da intervenção, ovacionada pelos presentes – de pé e com gritos de «Palestina vencerá!» –, afirmaram que o seu único objectivo é a «luta pela unidade e em defesa dos nossos direitos inalienáveis, em particular o direito ao retorno dos refugiados e à autodeterminação e construção de um Estado [palestino] democrático e independente».

Ucrânia: PCU resiste em condições difíceis

O representante do Partido Comunista da Ucrânia (PCU) lembrou «a ditadura oligárquica nacionalista» estabelecida no país após o golpe de Fevereiro de 2014 e que «replica em vários aspectos a prática dos regimes fascistas do século XX».

Destacou, em seguida, a perseguição sofrida pelo Partido Comunista. «O primeiro passo deste regime foi a exclusão do PCU da esfera política do país. Seguiu-se a adopção de leis de descomunização que, de acordo com o parecer da Comissão de Veneza de 21 de Dezembro de 2015, eram incompatíveis com a "prática democrática dos estados europeus"», disse.

Apesar deste parecer, «o poder organizou um bloqueio da informação do Partido Comunista», perseguiu-o, e os seus membros «foram infundadamente acusados de "ajudar terroristas e separatistas"», destacou.

Hoje, «é praticamente proibido falar bem da era soviética, das suas conquistas, dos líderes do país naquela época» e «os símbolos da URSS, das repúblicas soviéticas, dos países do antigo campo socialista são proibidos», disse, acrescentando que as «ruas, praças, aldeias, cidades são rebaptizadas com a "descomunização", sem ter em conta a opinião pública».

Apesar destas «condições incrivelmente difíceis, o PCU continua a funcionar e a trabalhar para manter as estruturas do partido em condições viáveis, para o seu fortalecimento organizacional e ideológico», sublinhou o representante da delegação ucraniana, que transmitiu «a profunda gratidão do líder do PCU, Petro Symonenko, e de todos os comunistas pelo apoio internacional que o Partido Comunista Português nos deu na luta pela defesa dos direitos políticos e liberdades dos cidadãos ucranianos, pelo direito a uma actividade plena do Partido Comunista na vida política do país».

Da mesma forma, agradeceu «aos partidos comunistas e outros partidos de esquerda estrangeiros, que participam neste fórum e que neste momento difícil para o Partido Comunista da Ucrânia mostram a sua solidariedade de classe».


Síria: a resistência de um povo

O representante do Partido Comunista Sírio no XX Congresso do PCP recordou a história de luta resistência dos comunistas portugueses, tendo afirmado que «os militantes do vosso partido deram um magnífico exemplo de firmeza e coragem ao enfrentar o regime ditatorial fascista», e «provaram, depois disso, que são os mais sinceros defensores da democracia e dos direitos dos trabalhadores».

«Surgiram militantes heróicos nas fileiras do Partido Comunista Português», que «entraram merecidamente nos anais de ouro do Movimento Comunista e Revolucionário Mundial, como o camarada Álvaro Cunhal, o líder histórico do vosso partido, que tive a honra de conhecer pessoalmente», afirmou. «Glória à memória daqueles militantes corajosos que permanecerão um exemplo luminoso para sucessivas gerações de comunistas», clamou.

Sobre a actual situação no país do Médio Oriente, sublinhou que o «povo sírio está a resistir com determinação aos planos expansionistas e às acções agressivas do imperialismo e do sionismo, enfrentando todas as formas de agressão, incluindo a agressão directa dos países membros na NATO».

«O nosso povo enfrenta, com firmeza, as acções terroristas e de sabotagem de organizações obscurantistas patrocinadas pelos serviços de informação imperialistas e pelos regimes reaccionários subordinados ao imperialismo na nossa região», disse, salientando que «os comunistas sírios lutam, ombro a ombro com todos os patriotas do nosso país, para defender a independência, salvaguardar a soberania nacional e preservar a unidade territorial da pátria».

E destacou: «Esta luta é uma contribuição muito importante para a luta das forças revolucionárias e de libertação do mundo para enfrentar a hegemonia imperialista». Ao PCP, agradeceu a solidariedade «com a justa luta do povo sírio».

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