As disparidades entre os salários dos gestores e a média dos trabalhadores nas maiores empresas portuguesas são amplamente conhecidas: em 2016, na Jerónimo Martins (dona do Pingo Doce), Pedro Soares dos Santos levou para casa quase 1,3 milhões de euros (mais de 90 mil euros por mês), enquanto o salário médio mensal dos trabalhadores do grupo é de 694 euros – um diferencial de 130 vezes.
No entanto, os dados escondem, particularmente em relação a outras empresas, como a EDP (em que António Mexia auferiu mais de 2 milhões de euros no ano passado), uma realidade em que a disparidade entre os gestores e os trabalhadores é muito superior.
O recurso à subcontratação, nomeadamente através de empresas de trabalho temporário e da subcontratação de determinados serviços, permite que alguns dos trabalhadores com salários mais baixos (como operadores de call center ou os técnicos que asseguram a instalação dos serviços de electricidade, gás ou telecomunicações) não sejam contabilizados. E, na maioria dos casos, estes são dos trabalhadores com salários mais baixos.
A Randstad, a quem a EDP subcontrata os seus operadores de call center, registou uma subida de 6% nas suas receitas em Portugal. Os trabalhadores da Randstad ao serviço da eléctrica nacional auferiam entre o salário mínimo nacional e os 654 euros mensais, no ano passado. De acordo com a Deco (Associação de Defesa do Consumidor), o salário médio na empresa é de perto de 3 mil euros mensais. Há cerca de 1500 operadores de call center da EDP contratados pelo Randstad, cerca de 14% do total dos trabalhadores da empresa.
Se o cálculo da disparidade salarial na EDP for feito entre o salário máximo dos operadores de call center e o que Mexia recebeu no último ano, o valor é várias vezes superior às 49,5 calculadas pela Deco: mais precisamente, 222 vezes.
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