O «Movimento pelo Interior» reúne autarcas do PS e do PSD, José Silva Peneda, ex-ministro do Trabalho de Cavaco Silva e assessor do presidente da Comissão Europeia, empresários da Delta e da Visabeira e representantes de reitores e presidentes dos politécnicos.
A apresentação das propostas está agendada para esta tarde no Museu dos Coches, em Lisboa, com a presença do primeiro-ministro e do Presidente da República.
Depois do acordo entre o PS e o PSD sobre a transferência de competências do Estado central para os municípios, o bloco central parece estar mais uma vez reunido com propostas para resolver problemas criados nas décadas em que ambos os partidos governaram o País.
Aos promotores da iniciativa associaram-se também figuras destacadas dos últimos governos, como Jorge Coelho, Pedro Lourtie (PS) ou Miguel Cadilhe (PSD).
Para além da proposta de deslocalização de serviços do Estado que actualmente estão instalados em Lisboa para regiões do Interior, noticiada esta manhã, pouco se conhece do documento, nomeadamente em matéria de apoio a sectores económicos com peso muito significativo, como para a agricultura familiar, tão fustigada pelos governos que aplicaram as imposições da União Europeia relativamente ao sector.
Também sobre a reabertura dos serviços públicos, como escolas, unidades de saúde, repartições das Finanças ou da Segurança Social, que vários executivos integrados pelos promotores deste movimento encerraram, não se conhecem propostas. Nem sobre as freguesias extintas pelo anterior governo, a regra e esquadro a partir de Lisboa, e cuja reposição continua a ser uma luta travada pelas populações locais.
Por fim, o discurso deste movimento promove uma dicotomia entre Litoral e Interior. É essa a lógica das propostas já conhecidas, pretendendo deslocalizar funcionários públicos e criar regimes fiscais previlegiados para as empresas que se fixem no Interior, sem mexer nas causas das assimetrias regionais, que também afectam largas regiões do Litoral.
No meio de tudo isto, entre movimentos e acordos (sempre com o PS e o PSD de braço dado), a discussão pública passa ao lado de um facto que devia ser incontornável: a regionalização, consagrada constitucionalmente, está por fazer – com a responsabilidade dos dois partidos, que mexeram na Constituição para a fazerem depender de uma dupla aprovação por referendo.
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