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Faurécia: com 100 milhões de lucros não há direito a pagar o mínimo

A Faurécia vai aplicar aumentos de 60 euros. O truque é que esses aumentos são relativos aos salários de 2023: com a subida do salário mínimo este ano, sobram menos de 30 euros para os quase 500 trabalhadores desta unidade.

Créditos / CGTP

A realidade na Faurécia, empresa que pertence à multinacional FORVIA, o 7.º maior grupo de fabrico de componentes automóveis, demonstra claramente a total desigualdade do nosso sistema económico: embora seja na fábrica de Bragança que se produzem os melhores resultados da empresa (que entre 2018 e 22 lucrou mais de cem milhões de euros) é aqui que se encontram os trabalhadores mais mal pago da empresa (cerca de 500 trabalhadores, a maior parte a receber o salário mínimo).

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Greve na Faurécia por um aumento justo do salário

Os trabalhadores da Faurécia, localizada em Bragança, estão hoje em greve em busca por  um aumento salarial justo e realizaram também uma concentração à porta da empresa durante a manhã.

Créditos / CGTP

A decisão de realizar a greve foi tomada em plenário no passado dia 23 de Maio depois da direção da fábrica e a administração da Faurécia ignorarem as justas reivindicações dos trabalhadores. Um dos principais pontos do Caderno Reivindicativo apresentado pela Comissão Sindical do SITE Norte era a exigência de um aumento salarial justo e a valorização das carreiras profissionais.

Segundo o comunicado da Fiequimetal é importante ressaltar que, embora a empresa tenha registrado lucros líquidos no valor de 47 milhões de euros entre 2019 e 2021, a grande maioria dos trabalhadores ainda recebe o salário mínimo. A Faurécia de Bragança é a empresa do Grupo Faurecia em Portugal que obteve os melhores resultados, mas os seus trabalhadores são os mais mal remunerados.

Diante das justas reivindicações dos trabalhadores, a resposta da direção da Faurécia mais uma vez foi atacar a luta, tentando dissuadir os trabalhadores de aderir à greve com a passagem de uma mensagem nos televisores internos do local de trabalho que insinuava que aqueles que participassem na greve estariam a colocar em risco o bem-estar das suas famílias e colocavam em risco os seus empregos. O SITE Norte, sindicato que representa os trabalhadores, informou a ACT sobre essa situação, exigindo sua intervenção para garantir os direitos dos trabalhadores.

A greve em andamento na Faurécia reflete a determinação dos trabalhadores em buscar um aumento salarial justo. Considerando os lucros expressivos da empresa e a disparidade salarial existente, espera-se que as reivindicações sejam ouvidas e atendidas, visando alcançar uma maior justiça social dentro da empresa e melhores condições de vida para todos os trabalhadores envolvidos.

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E é assim que a Faurécia quer continuar. Face às reivindicações dos trabalhadores, apoiados pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (SITE Norte/CGTP-IN), a empresa aplicou, unilateralmente, um aumento de 60 euros, mas com um pequeno catch: o aumento é aplicado em relação ao salário de 2023.

Tendo em conta que a maior parte destes trabalhadores aufere o Salário Mínimo Nacional, e que em Janeiro de 2024 este foi alvo de um aumento, o que a Faurécia está, na verdade, a dizer é que vai aplicar um aumento salarial de pouco menos de 30 euros, mais de metade do que finge publicamente.

Reivindicando um aumento de 150 euros (em relação ao praticado neste momento) e um subsídio de alimentação de 8 euros diários, os trabalhadores da Faurécia vão realizar uma greve no dia 27 de Março, com concentração à porta da fábrica entre as 7h30 e as 10h30. 

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