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Trabalhadores das Lajes levam para casa menos que o salário mínimo

Sindicatos criticam o «comportamento abusivo» dos norte-americanos e a passividade das autoridades portuguesas, e informam que os trabalhadores já iniciaram o processo de queixa. 

A comandante da 65th Air Base Group discursa na cerimónia conjunta do exército português com o destacamento da Força Aérea dos Estados Unidos da América, na inauguração oficial de uma zona de aterragem permanente na Base das Lajes, Ilha Terceira, Açores, 21 de Outubro de 2020 
CréditosAntónio Araújo / Agência Lusa

O Sindicato das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comércio e Escritórios, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/Açores) e a União dos Sindicatos de Angra do Heroísmo (USAH/CGTP-IN) consideram «vergonhoso e deplorável» que existam trabalhadores portugueses ao serviço do comando norte-americano na Base das Lajes, na Terceira, a ganhar abaixo do salário mínimo praticado naquela região autónoma.

Num comunicado, as estruturas informam que, face a este comportamento «abusivo» por parte dos norte-americanos, os trabalhadores portugueses já iniciaram o processo de queixa, com a entrega, na passada sexta-feira, do segundo processo de reclamação salarial, ao abrigo do Regulamento de Trabalho e do Acordo Laboral.

Mais grave do que qualquer empresa pagar abaixo do salário mínimo, é o facto de as entidades portuguesas permitirem que os norte-americanos o façam no nosso território, salienta-se na nota. 

A retribuição mínima mensal garantida na Região Autónoma dos Açores beneficia do acréscimo de 5% sobre a retribuição mínima nacional (705 euros), sendo de 740,25 euros desde 1 de Janeiro de 2022.

Os sindicatos lembram que a remuneração da força laboral portuguesa «é uma das poucas contrapartidas» directas para os Açores do estabelecimento desta força militar estrangeira no nosso território, e que, «no pós-redução, os EUA mantiveram a sua missão relativamente ao passado», reduzindo apenas o custo da manutenção.

«Se os EUA pretendem manter esta relação, continuando a usufruir das valências e localização estratégica, é, no mínimo, imprescindível que tratem a força laboral portuguesa com respeito, sendo fundamental, no imediato, uma revisão mais profunda e, sobretudo, de acordo com a realidade das tabelas salariais», frisam.

Salientam ainda que a situação laboral na Base das Lajes «é uma das mais desfavoráveis de sempre» para os trabalhadores portugueses e explicam porquê – «as situações de dificuldade e de impedimento no acesso à sua defesa continuam, o número de postos de trabalho é dos mais reduzidos de sempre e as tabelas salariais são das mais baixas e limitadas na sua progressão», ilustram.

Neste sentido, o movimento sindical unitário açoriano reafirma a necessidade de renegociação do Acordo Laboral da Base das Lajes e de uma postura de maior exigência do Estado Português em relação aos EUA.

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