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Colômbia revoga suspensão de ordens de captura para membros do ELN

A procuradora-geral da Colômbia, Luz Adriana Camargo, revogou esta quarta-feira a suspensão de ordens de captura a 31 representantes do ELN, tendo em conta a «gravidade dos crimes» na região do Catatumbo.

A medida foi tomada tendo em conta «as provas e a gravidade dos actos criminosos perpetrados na região do Catatumbo por este grupo armado que contradizem a sua participação genuína e empenhada no processo de paz», divulgou a Procuradoria numa nota.

O texto refere ainda que «o incumprimento das condições para a suspensão das ordens e, em especial, a prática de novos crimes por parte de membros do ELN» reactivam as ordens de captura suspensas a dada altura a pedido do presidente da República, Gustavo Petro.

Assim, a partir de ontem, voltam a ser procurados 31 membros do Exército de Libertação Nacional (ELN) a quem foi reconhecido o estatuto de participantes na mesa de negociações.

Na passada sexta-feira, Gustavo Petro declarou suspensas pela segunda vez em quatro meses as negociações entre o governo colombiano e o grupo armado referido, devido à situação de violência no departamento de Norte de Santander.

«O ELN escolheu o caminho da guerra e guerra terá», disse depois Petro na sua conta de Twitter (X), entre várias acusações graves que lançou contra o ELN a propósito da violência desencadeada no Nordeste da Colômbia desde dia 16.

Os combates entre o ELN e a Estructura 33, um grupo residual das extintas FARC, provocaram na região fronteiriça do Catatumbo um número indeterminado de mortos (pelo menos 90, entre os quais se contam pelo menos sete signatários do acordo de paz e três dirigentes sociais), e mais de 38 mil deslocados, segundo revelaram ontem fontes oficiais.

De acordo com a representação na Colômbia do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês), a crise humanitária no Catatumbo afecta cerca de 50 mil pessoas e é a mais grave registada no país sul- americano desde o acordo de paz, em Novembro de 2016.

Ministério da Defesa acusa ELN

O ministro da Defesa, Iván Velásquez, responsabilizou o ELN pelo assassinato selectivo de signatários da paz, tendo acrescentado que esta situação faz parte de uma operação muito bem executada e que o grupo armado teria reforçado as suas fileiras, indica a Prensa Latina.

Em resposta, no Twitter (X), Antonio García, primeiro comandante do ELN, afirmou que perseguir a população civil não se enquadra nas práticas e políticas da sua organização.

A pasta da Defesa informou que, depois dos trabalhos de evacuação da população das zonas afectadas pelo conflito, as tropas destacadas iriam iniciar acções de «controlo territorial» para «devolver a tranquilidade às localidades confinadas».

De acordo com a Provedora de Justiça (Defensora do Povo), Iris Marín, tinham-se registado até ontem mais de 15 mil deslocados em Cúcuta, 11 500 em Ocaña e 5300 em Tibú.

Na Venezuela, as autoridades também lançaram um programa de assistência aos deslocados na região fronteiriça.

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