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Continua a greve no maior porto de contentores do Reino Unido

Os trabalhadores portuários de Felixstowe entraram em greve, este domingo, após um plenário em que 90% disseram «sim» à acção de luta, porque os aumentos salariais propostos ficam abaixo da inflação.

Piquete de greve do Unite numa das entradas do Porto de Felixstowe, durante uma greve que foi decidida em plenário com 90% de votos favoráveis 
Créditos / morningstaronline.co.uk

Cerca de 2000 trabalhadores do Porto de Felixstowe – o maior e mais movimentado do Reino Unido – realizaram ontem o primeiro de oito dias anunciados de greve, exigindo aumentos salariais que lhes permitam fazer frente ao aumento do custo de vida.

O sindicato Unite afirmou que a paralisação – a primeira desde 1989 – terá um grande impacto nas instalações portuárias no Leste de Inglaterra, que movimenta cerca de quatro milhões de contentores, de 2000 navios, por ano.

A secretária-geral do Unite, Sharon Graham, disse que «as docas de Felixstowe são extremamente lucrativas», precisando que, segundo os dados mais recentes, obteve lucros de 61 milhões de libras em 2020.

A empresa mãe das instalações portuárias, a Hutchison Holding, «é tão rica que, no mesmo ano, distribuiu 99 milhões de libras aos seus accionistas», frisou, citada pelo periódico Morning Star.

«Então, eles podem dar aos trabalhadores de Felixstowe um aumento salarial decente», afirmou, ao mesmo tempo que acusou o patronato de dar prioridade à entrega de lucros e dividendos multimilionários.

Graham disse ainda que a estrutura sindical está inteiramente centrada na melhoria dos empregos, das condições de trabalho e dos salários dos seus membros em Felixstowe, a quem dará apoio total até que seja alcançado um acordo.

Não aceitar aumentos que são «cortes salariais em termos reais»

Quase metade da carga de contentores que entram no Reino Unido passa por Felixstowe, em Suffolk. Uma greve que passe de uma semana poderá levar ao desvio de navios para outros portos no Reino Unido ou no continente europeu.

Bobby Morton, responsável nacional pelas docas no Unite, ao anunciar a greve, este mês, alertou que esta iria causar «uma enorme perturbação e ondas de choque massivas em toda a cadeia de abastecimento no Reino Unido», mas sublinhou que «o conflito foi inteiramente criado pela própria empresa».

Em declarações à BBC, o dirigente sindical afirmou: «Não nos culpem pela greve; culpem a Hutchison Ports, ao colocar 7% em cima da mesa e dizer que nos íamos encontrar novamente, mas que a posição deles não será alterada.»

A Hutchinson Ports considera que a sua proposta de aumento salarial é justa, mas o sindicato lembrou que fica abaixo da taxa de inflação (superior a 10%) e que estão a tentar convencer os trabalhadores a aceitar um «corte salarial em termos reais, enquanto patrões e accionistas obtêm lucros recorde para si mesmos».

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