|Médio Oriente

Israel é o «principal factor de desestabilização no Médio Oriente»

O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) repudia de forma veemente a agressão israelita contra o Líbano e exige ao Governo português uma «firme condenação» e uma «acção determinada».

Créditos / CPPC

Numa nota emitida esta quinta-feira, a Direcção Nacional do CPPC sublinha que os bombardeamentos de Israel sobre o Líbano «em poucas horas mataram centenas de pessoas, feriram milhares e levaram muitas mais a abandonar as suas casas».

Intensificados a partir da última segunda-feira, «seguem-se ao inqualificável ataque envolvendo dispositivos electrónicos (como pagers ou walkie-talkies), que deixaram um rasto de morte e mutilação no país», lembra o organismo de defesa da paz.

A actual agressão israelita contra o Líbano, uma das mais graves nas últimas décadas, «comprova que é Israel – e quem o apoia, desde logo os EUA – o principal factor de desestabilização no Médio Oriente», declara o documento.

A este propósito, o CPPC frisa que «o genocídio em curso na Faixa de Gaza, o agravamento da repressão na Cisjordânia, as provocações ao Irão, os constantes ataques contra a Síria e o Líbano», por parte de Israel, «desestabilizam ainda mais aquela região e representam um elevado e preocupante potencial de escalada de guerra, com dimensões regionais».

É também neste contexto que o CPPC exige ao Governo português que condene firmemente os ataques israelitas e aja de forma determinada, «em todas as instituições internacionais em que participa, em prol da paz e dos direitos dos povos do Médio Oriente».

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Agressão israelita ao Líbano cometida sob protecção de Washington, acusa Síria

«Estes ataques não teriam ocorrido sem o guarda-chuva e a protecção dos EUA a Israel, que age como se estivesse acima do direito internacional e da Carta das Nações Unidas», afirma Damasco.

Bombardeamento das forças sionistas no Líbano, a 23 de Setembro de 2024 Créditos / PL

Numa declaração emitida esta segunda-feira, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros diz que Israel age estando «imune a qualquer responsabilidade pelas suas acções atrozes».

O governo sírio, que condena de forma enérgica as agressões israelitas contra o Líbano e as classifica como «brutais e cobardes», declara no comunicado que Israel «persiste na sua guerra genocida» e «continua a cometer diariamente massacres contra civis inocentes e indefesos, num crime sem precedentes na história moderna».

O texto denuncia o facto de o Exército israelita ter lançado «uma agressão contra o povo irmão do Líbano», recorrendo a mísseis e aviões de combate para bombardear «edifícios residenciais, ambulâncias, centros de saúde e caravanas de viaturas civis», provocando a morte a centenas, enquanto milhares ficaram feridos, «incluindo crianças e mulheres».

O texto da declaração, divulgado pela agência Sana, afirma que a Síria condena e denuncia «este ataque brutal e cobarde nos termos mais enérgicos», sublinhando que «tais actos criminosos devem ser condenados por todos os estados-membros das Nações Unidas».

Destruição provocada pelos ataques sionistas no Líbano, em 23 de Setembro de 2024 / PL

Denunciando a «cumplicidade» dos Estados Unidos com Israel, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros expressa a solidariedade total ao povo libanês face a estas agressões, confia que a sua resistência não será quebrada e alerta para as perigosas consequências do empenho israelita em agravar a situação e alargar o círculo de agressão na região.

De acordo com o Ministério libanês da Saúde Pública, pelo menos 492 pessoas foram mortas ontem como resultado da agressão sionista ao país e o número de feridos era superior a 1640 – pelo menos 1645, refere a Al Jazeera.

As autoridades libanesas informaram ainda que foram instalados 86 refúgios temporários, capazes de albergar 26 mil pessoas e que se destinam àqueles que fogem das «atrocidades israelitas».

Arikat: Israel leva a guerra para o Líbano porque falhou em Gaza

Em declarações à Al Jazeera, o jornalista palestiniano Said Arikat, do periódico Al Quds Daily, disse que qualquer discussão sobre Israel ocupar o Líbano «é insensata», e lembrou que as tropas israelitas foram expulsas do país pela Resistência, em grande medida pelo Hezbollah.

Arikat disse ainda que Israel está a levar a guerra para o Líbano «porque falhou em Gaza», onde Netanyahu não alcançou nenhum  dos três grandes objectivos a que se propôs («decapitar o Hamas«, «libertar os reféns à força» e «mudar o regime»).

O jornalista disse também que nos próximos dias se deve assistir a uma resposta mais forte e mais profunda do Hezbollah, levando a que mais israelitas sejam deslocados.

Said Arikat destacou ainda a parceria que Israel mantém com os EUA, na qual Washington é o parceiro principal, «fornece as armas e dá luz verde e protecção na ONU», e acusou os norte-americanos de não fazerem a pressão necessária para que haja um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

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A começar pelo povo palestiniano, ao Executivo português cabe a exigência de cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza e o fim imediato dos ataques e das incursões na Cisjordânia; bem como a do levantamento do bloqueio à Faixa de Gaza e da reconstrução do território, defende o texto.

Também deverá defender o fim da ocupação e dos seus instrumentos (os colonatos, os postos de controlo, o muro de separação, as prisões), assim como o reconhecimento imediato do Estado da Palestina nas fronteiras anteriores a junho de 1967, com capital em Jerusalém Oriental, e o direito ao regresso dos refugiados.

«Palestina Livre! Paz no Médio Oriente»

Neste âmbito de denúncia e solidariedade, o CPPC apela também à participação nas acções que terão lugar em várias localidades do País integradas na Jornada Nacional de Solidariedade «Palestina Livre! Paz no Médio Oriente», de 2 a 12 de Outubro, com manifestações convocadas para o Porto no dia 6 e Lisboa no dia 12.

«Será uma oportunidade, mais uma, para o povo português fazer ouvir a sua voz em prol da paz, do desarmamento, da soberania e dos direitos dos povos», tal como «consagrado na Constituição da República Portuguesa», afirma o CPPC.

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