«Quando vocês andavam sob o sol desta esplanada, em 2019, na última marcha, eu estava preso em Curitiba, vítima de uma perseguição dos que querem impedir o Brasil de mudar», afirmou Lula num acto que reuniu cerca de 100 mil mulheres vindas de todo o país.
«Eu estava distante, mas eu ouvi o grito de vocês por Justiça», disse o presidente brasileiro em sinal de gratidão às participantes na edição 2023 da Marcha das Margaridas, a primeira realizada em formato presencial, depois do surto epidémico de Covid-19.
Ao anunciar uma série de medidas como resposta às reivindicações apresentadas pela Marcha, o presidente brasileiro aludiu a uma carta por ele recebida, que foi enviada pelas participantes na edição anterior. A resposta de Lula da Silva foi então lida pelo hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
«Aqui em Brasília, o companheiro Fernando Haddad leu minha resposta a uma carta de vocês. Nela eu reafirmava, e reafirmo novamente agora, nosso compromisso de construir um país mais justo, um país melhor», frisou, citado pelo Brasil de Fato.
«Um país mais carinhoso com as mulheres e mais generoso com as mais pobres. Um país em que nenhuma mãe do campo e da cidade passe por sofrimento de não ter o que dar de comer a seus filhos», destacou, sob fortes aplausos das participantes no acto desta quarta-feira.
Tido como a maior acção política que reúne mulheres da América Latina, o evento de dois dias foi coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), sindicatos filiados e cerca de dezena e meia de associações.
Na marcha desta quarta-feira até ao Congresso Nacional, pela reconstrução do país, Lula da Silva agradeceu por ter sido convidado e reforçou a importância da luta das mulheres por um país mais justo.
«Mulheres que plantam o alimento e semeiam o amor. Mulheres de tantas lutas e histórias: muito obrigado por estarem aqui mais uma vez. Vocês são parte fundamental desse Brasil que volta à democracia, à justiça social e à busca do bem viver», afirmou.
O presidente brasileiro disse ainda que «é preciso criar uma cultura de respeito no campo e na cidade. Não toleraremos mais discriminação, misoginia e violência de género. Não podemos conviver com tantas mulheres sendo agredidas e mortas diariamente dentro de suas casas».
«Como também não é possível achar normal que, exercendo uma mesma função, uma mulher ganhe menos que o homem», defendeu.
«Foi para isso que voltei: para fazer do Brasil um país capaz de corrigir as injustiças, um país sustentável, que vive em harmonia com a natureza, sem necessidade de destruir nossas florestas», destacou Lula.
A Marcha das Margaridas, na sua sétima edição, é também uma homenagem a Margarida Maria Alves, trabalhadora rural e sindicalista do estado da Paraíba (Nordeste do Brasil) que lutou pelos direitos das mulheres trabalhadoras rurais e foi assassinada a 12 de Agosto de 1983.
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