O anúncio foi feito esta terça-feira à tarde em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (Paraná), onde Lula da Silva permanece preso desde Abril.
O petista Fernando Haddad, ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo e antigo ministro da Educação nos governos de Lula e Dilma, substitui Lula à frente da coligação, enquanto a comunista Manuela D'Ávila, ex-deputada federal pelo Rio Grande do Sul e actualmente deputada nesse estado, é a vice da candidatura.
Num acto que reuniu centenas de pessoas na capital do Paraná, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, um dos fundadores do PT, leu uma carta que Lula da Silva dirigiu ao povo brasileiro, na qual reafirma o seu compromisso com o país sul-americano e explica a decisão de escolher Haddad para prosseguir a pugna eleitoral.
«Proibiram o povo brasileiro de lutar livremente para mudar a triste realidade do país. Nunca aceitei a injustiça nem vou aceitar», diz o ex-presidente na missiva, acrescentando: «É diante dessas circunstâncias que tenho de tomar uma decisão […]. Estou indicando ao PT e à Coligação "O Povo Feliz de Novo" a substituição da minha candidatura pela do companheiro Fernando Haddad, que até esse momento desempenhou com extrema lealdade a posição de candidato a vice-presidente.»
Mais à frente declara: «Se querem calar nossa voz e derrotar nosso projecto para o País, estão muito enganados. Nós continuamos vivos, no coração e na memória do povo. E o nosso nome agora é Haddad.»
Quase no final da carta, o ex-presidente pede aos seus apoiantes que votem em Haddad para presidente da República e nos candidatos do PT aos governos dos estados, ao Senado e à Câmara de Deputados. «Já somos milhões de Lulas e, de hoje em diante, Fernando Haddad será Lula para milhões de brasileiros», frisou ainda, citado pelo Portal Vermelho.
«Não vamos desistir do Brasil»
No primeiro discurso após a ser oficialmente designado como candidato à Presidência, Fernando Haddad sublinhou que não vai desistir do Brasil e que «recebeu de Lula a missão de reerguê-lo», indica o Brasil de Fato.
«Eu sinto a dor de muitos brasileiros e brasileiras que vão receber hoje a notícia de que não vão poder votar naquele que gostaríamos de ver subir a rampa do Planalto e governar o país a partir do dia 1 de Janeiro», afirmou Haddad em Curitiba.
O candidato petista à Presidência do Brasil disse que nunca imaginou ter de lutar novamente pela democracia. «O que aconteceu com o Brasil? Bastaram dois anos para que o Brasil voltasse ao mapa da fome e o noticiário estivesse recheado de notícias que há muito tempo não ouvíamos», destacou.
Candidatura de Lula impugnada
No dia 1 de Setembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vetou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência do Brasil e deu um prazo de dez dias (até às 19h de ontem) para que fosse indicado um substituto. A coligação «O Povo Feliz de Novo» apresentou recursos junto do Supremo Tribunal Federal para que esse prazo fosse prorrogado, mas sem sucesso.
Caso o Partido dos Trabalhadores não apresentasse um substituto na candidatura, a coligação ficaria de fora da corrida presidencial e o tempo de propaganda na TV seria redistribuído entre as demais candidaturas.
Na versão original, Haddad era o vice de Lula na coligação, mas, caso o tribunal tivesse respeitado o direito de Lula da Silva a ser candidato, seria Manuela D’Ávila a assumir a candidatura à vice-presidência, em vez de Haddad.
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