O presidente do Supremo Tribunal Eleitoral (STE), Salvador Romero, deu a conhecer esta quinta-feira em conferência de imprensa a inabilitação das candidaturas ao Senado da Bolívia de Evo Morales, presidente deposto, e de Diego Pary, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, por não cumprirem o requisito de «residência permanente».
Desta forma, o STE, para o qual Romero foi nomeado pela presidente autoproclamada e golpista Jeanine Áñez, deixa duas figuras de peso do Movimento para o Socialismo (MAS) de fora da contenda eleitoral marcada para 3 de Maio, na sequência do golpe de Estado no país andino-amazónico, consumado a 10 de Novembro do ano passado.
Morales e Pary eram candidatos do MAS pelos círculos de Cochabamba e de Potosí, respectivamente. Na conferência de imprensa de ontem, o presidente do STE afirmou que a decisão não é passível de recurso e que o organismo agiu com «imparcialidade», revela a RT.
No entanto, não se referiu ao facto de Morales e de tantas outras figuras do MAS terem sido obrigados a sair da sua «área de residência» e, inclusive, a fugir do país, mercê do golpe de Estado perpetrado pela extrema-direita com o apoio de Washington e da perseguição política que se seguiu.
Na sua conta de Twitter, Evo Morales disse tratar-se de «um golpe contra a democracia» e Luis Arce, candidato à presidência da Bolívia pelo MAS – que não foi inabilitado –, sublinhou que a decisão do tribunal «evidencia a falta de garantias para eleições livres, democráticas e justas na Bolívia».
Na mesma rede social, o advogado argentino Raúl Gustavo Ferreyra afirmou que o «Estado de Direito [foi] executado pelas autoridades ditatoriais» e alertou para o facto de a situação na Bolívia se encaminhar para «a fraude eleitoral».
O MAS tem alertado para a perseguição aos seus militantes e apoiantes, bem como para a «tentativa política» do STE de «eliminar» os seus candidatos.
Em sondagens divulgadas recentemente, Arce, que foi ministro da Economia e das Finanças de Morales, aparece à frente nas intenções de voto (31,6 %), seguido do ex-presidente Carlos Mesa (direita, 17,1%), da golpista Jeanine Áñez (16,5%) e de Luis Camacho (fascista, 9,6%).
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