À frente da mobilização, uma faixa da secção local da People’s Assembly, que convocou a manifestação, onde se lia «Acabem com a austeridade já!».
A organização, de carácter unitário, reúne um amplo espectro de sindicatos, organizações e movimentos – de pensionistas, deficientes, estudantes, desempregados, mulheres, jovens, trabalhadores, de defesa dos imigrantes, contra o racismo, pela paz e a igualdade de género, entre outros – na luta contra a austeridade, os cortes e as privatizações dos serviços públicos.
Muitos dos manifestantes que se mobilizaram este domingo foram organizados por sindicatos e outros pelo vasto leque de organizações que integram a Assembleia Popular, unidos pela crítica às políticas levadas a cabo pelo Partido Conservador (os Tories) e pelo «não» à destruição provocada no país.
Entre os manifestantes, encontravam-se enfermeiros de hospitais de Manchester, num contexto de êxodo massivo de profissionais do NHS (serviço público de saúde).
Face a aumentos inferiores à inflação e que funcionam como «cortes», a enfermeira Rachel Gray disse ao Morning Star que «querem mais respeito do governo» e que, para travar a saída de profissionais do sector, são necessários «salários justos».
Outro profissional, Jan, disse: «O aumento salarial é um corte salarial. Acabamos por pagar mais impostos e receber menos dinheiro.»
Sublinhando a necessidade de «um aumento salarial real para poderem sobreviver», lembrou que trabalham muitas horas. «A maioria dos enfermeiros faz turnos de 12 horas só para poder lidar com as facturas e hipotecas», alertou.
Manchester «não é a casa do Partido Conservador»
Por seu lado, Alex Gordon, presidente do sindicato dos transportes RMT, ao falar para a multidão, disse sentir-se orgulhoso por ver trabalhadores de todo o movimento sindical a vir para a rua e manifestar-se.
«É fantástico ver os sindicalistas aqui a lembrar-nos que Manchester é o berço do movimento operário neste país», disse, acrescentando: «Não é a casa do Partido Conservador.»
Já Frances Heathcote, do sindicato dos Serviços Públicos e Comerciais (PCS), disse que é importante «lutar contra este governo podre».
Ao mesmo tempo, alertou os manifestantes: «Ninguém quer que os Conservadores se vão embora mais do que nós, mas também é preciso preparar os sindicatos e os trabalhadores em todo o lado para a luta contra o Partido Trabalhista – o nosso próximo governo potencial.»
«Ninguém tem ilusões aqui; será um governo de reacção neoliberal desde o primeiro dia», afirmou, sublinhando que a questão não passa apenas por mudar de governo, mas alterar as políticas e acabar com os ataques aos trabalhadores.
Ao longo da manifestação pela ruas da cidade nortenha, foi possível ver faixas e cartazes de múltiplos sindicatos (como Unison e TUC), de jovens comunistas, de organizações contra a guerra e de defesa do ambiente, entre outras.
Os organizadores afirmam que houve pelo menos um autocarro revistado à entrada da cidade, com a Polícia a «violar o direito à manifestação». Lorraine Douglas, militante do Partido Comunista, denunciou a forma de actuação dos agentes, a fazer lembrar o modo como actuavam na greve dos mineiros de 1984.
Segundo refere o Morning Star, estão previstas mais mobilizações hoje e amanhã na cidade inglesa. O conclave dos Tories termina no dia seguinte, quarta-feira.
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