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Governo diz que reconhecimento da Palestina «seria relativamente inconsequente»

Já morreram mais de 37 000 palestinianos, dos quais 15 000 são crianças, mas ainda assim o ministro dos Assuntos Parlamentares considerou hoje na Assembleia da República que o reconhecimento imediato da Palestina «seria relativamente inconsequente».

O primeiro-ministro, Luis Montenegro, com o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, durante a sessão plenária de discussão do Programa de Governo, na Assembleia da República, em Lisboa, 11 de Abril de 2024
CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

Num debate realizado esta sexta-feira na Assembleia da República sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, o Governo cumpriu as orientações que lhe foram traçadas pelos Estados Unidos e União Europeia e reiterou que não irá reconhecer a Palestina. 

Quem o afirmou foi Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, que disse que o seu governo acredita no «trabalho de mediação», que tal é «mais que um reconhecimento formal» e que «num momento imediato» o reconhecimento do Estado da Palestina «seria relativamente inconsequente». 

Também Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, vincou a posição governativa dizendo haver dois caminhos, numa posição que ignora atrozmente o sofrimento sentido pelo povo palestiniano: «através do reconhecimento da Palestina, tal como já fizeram diversos estados membros da ONU, sabendo nós infelizmente que esse reconhecimento não representa um cessar-fogo. Ou defendendo um debate alargado e equilibrado que permita preservar o consenso quanto à forma de avançar no sentido do reconhecimento da Palestina, investindo tudo numa ação diplomática exigente».

Portugal está neste momento numa posição derelativo isolamento internacional. Nas Nações Unidas, 143 dos 193 países já reconheceram a Palestina, sendo que mesmo no seio da União Europeia há países, como a Espanha, que estão a avançar neste sentido, contrariando a narrativa do Governo português. 

Recorde-se que, no passado mês, o primeiro-ministro Espanhol disse: «o governo de Espanha aprovará o reconhecimento do Estado da Palestina. Espanha somar-se-á assim aos mais de 140 países que já reconhecem no mundo a Palestina como Estado. Trata-se de uma decisão histórica que tem um único objetivo: contribuir para que israelitas e palestinianos alcancem a paz». «Não é uma decisão que adotamos contra alguém», acrescentou ainda o governante espanhol.

Ao longo da campanha eleitoral das eleições para o Parlamento Europeu, a Aliança Democrática procurou sempre fugir ao tema da Palestina, refugiando-se na guerra na Ucrânia para não abordar a questão de frente. O momento de maior embaraço foi no comício realizado com Ursula Von der Leyen onde, enquanto a mesma puxava para a AD e para o Partido Popular Europeu uma suposta defesa da paz no leste europeu assim como dos valores democráticos, os seus apoiantes procuraram abafar uma manifestação pró-palestina que decorria metros à frente e da qual resultou um detido e agressões aos manifestantes. 
 

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