As Organizações Representativas dos Trabalhadores Ferroviários, face à anunciada intenção do Governo de retirar comboios à CP para os entregar ao operador privado Fertagus, que explora em regime de exclusividade a ligação ferroviária Lisboa-Setúbal, denunciam esta situação «dado que a CP, ao contrário do que foi propagado nalgumas notícias dos últimos dias, não tem quaisquer comboios encostados».
No comunicado emitido, as referidas organizações sublinham que a CP fez um esforço de investimento para recuperar comboios que tinham sido retirados do serviço em 2011, e que os «comboios que se anunciam como estando disponíveis para entregar à Fertagus terminaram há poucas semanas as operações de renovação geral», executadas e pagas pela CP.
A acontecer este desvio de comboios para a Fertagus, a CP terá de «mobilizar comboios de outros serviços a nível nacional para dar resposta à procura de Lisboa, entrando em risco de incumprimento do Contrato de Serviço Público que tem com o Estado Português». Aliás, em 2024 a Autoridade de Mobilidade e Transportes multou a CP em 500 mil de euros (15% do seu resultado líquido positivo) por incumprimento do referido Contrato de Serviço Público. Por outro lado, o comunicado alerta para o facto de a partir deste domingo passarem a «realizar-se comboios na Linha de Leixões, o que obrigou à deslocação para o Porto de comboios que faziam serviço na Linha do Sado, e por sua vez de comboios de Lisboa para a Linha do Sado, para compensar os que foram para o Porto», para além de, a breve prazo serem «reabertas as Linhas do Oeste e Beira Alta e iniciada a exploração em tração elétrica da Linha do Algarve». Assim, ao retirarem-se comboios aos urbanos de Lisboa, o problema deixará de ser local para passar a ser nacional.
Os trabalhadores propõem ao Governo uma solução implementável no prazo de um mês: a CP. Por um lado, «com a elasticidade que a sua escala ainda lhe permite, poderá ajudar a colmatar a insuficiência da oferta proporcionada pela Fertagus sem colocar em causa a sua própria eficiência operacional» e, por outro, porque a CP é a única entidade que tem o conhecimento e a escala para proporcionar a mitigação deste problema, ajustando a sua própria operação, sem incorrer no perigo de criar problema idêntico noutro local, como será o caso se houver retirada de material circulante da CP para uso exclusivo da Fertagus».
Esta tomada de posição conjunta, é subscrita pelas comissões de trabalhadores da CP e da IP (Infraestruturas de Portugal) e por ASCEF, ASSIFECO, FECTRANS, FENTCOP, SENSIQ, SFRCI, SINAFE, SINDEFER, SINFA, SINFB, SINTTI, SIOFA, SMAQ, SNAQ, SNTSF e STMEFE.
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