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Plano do Governo não tira SNS do estado de emergência

Ao analisar o Plano de Emergência da Saúde, apresentado pelo Governo, chega-se à conclusão que apenas tem um nome pomposo, não havendo uma única solução estrutural que valorize o SNS. No fundo, é propaganda.

Em campanha, a AD prometeu apresentar um Plano de Emergência da Saúde. Aparentemente cumpriu, mas a questão é que o tal Plano não passa de um conjunto de medidas que em nada valorizam o Serviço Nacional de Saúde (SNS) como este devia ser valorizado; não aposta na valorização dos mais diversos profissionais de saúde e mantém o caminho de financiamento aos privados.

Ora veja-se algumas das medidas imediatas: regime especial para admissão de médicos no SNS com mais de 2200 vagas, das quais cerca de 900 para novos médicos de família (não é abordada a valorização dos médicos); eliminação da lista de espera para cirurgia de doentes com cancro (não é dito como, apenas é declarada uma vontade); dar prioridade, nas urgências, aos casos mais graves e reencaminhar os menos urgentes para centros de atendimento clínico (em parte, o que o anterior Governo já se preparava para fazer, na lógica de desmantelamento deste serviço); sistema de incentivos financeiros para aumentar a capacidade de realização de partos e reforço das convenções (que já existem) com os sectores social e privado (financiar directamente os privados para algo que o SNS deve garantir com meios próprios).

Estes são apenas alguns dos exemplos de um Plano que o Governo apresenta como uma grande reforma, mas que não passam de medidas avulso e que não resolvem os principais problemas. Os partidos da oposição já reagiram e à esquerda a crítica é unânime, dada a evidência da insuficiência. 

Para o PCP, na reacção às medidas anunciadas, ficou claro que as mesmas «vão ao encontro de um objectivo» que «é continuar degradar o SNS». Pela líder da bancada parlamentar, os comunistas afirmam que «não há uma única [medida] para valorizar os profissionais de saúde, nas suas carreiras, nas suas remunerações, na garantia de condições de trabalho», condenando a inexistência de um «reforço do investimento nas infra-estruturas, nos equipamentos, que são tão importantes para assegurar o aumento da oferta da capacidade do SNS».

O PS considerou que «aquilo que foi apresentado foi um powerpoint com um conjunto de medidas que descrevem aquilo que já é o trabalho diário no SNS», e que «foi uma desilusão». Pela voz de Pedro Nuno Santos, os socialistas consideram que o actual Governo «está em campanha» e que faz «Conselhos de Ministros de dois em dois dias» por essa mesma razão.

Já o Bloco de Esquerda, procurando fazer críticas ao Governo e às suas medidas, acabou por ser infeliz nas suas declarações, colocando até em causa, numa análise mais aprofundada, os profissionais que dão a vida pelo SNS. Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, o plano apresentado é a prova de que o SNS «está esgotado e chegou ao fim».

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