As declarações do ex-primeiro-ministro foram proferidas ontem à noite, num jantar em Vila Nova de Gaia. Passos Coelho disse que «não faz sentido estar a demonizar o eucalipto porque nós sabemos que uma grande parte do território não tem eucalipto e que o eucalipto é o que menos arde, portanto, o problema não é do eucalipto», reporta a Lusa.
De acordo com os dados mais recentes do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, o pinheiro bravo e o eucalipto representam, de longe, as espécies mais afectadas por incêndios florestais, 74% da floresta ardida entre 2006 e 2015.
De acordo com o Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves, do Insituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, o eucalipto e o pinheiro bravo «possuem um risco de incêndio muito elevado». Há um ano, após o incêndio em Arouca, o autarca do município dizia que «o eucalipto ardeu como pólvora». No passado sábado, no AbrilAbril, João Dinis, dirigente da Confederação Nacional da Agricultura, classificou a espécie como «tochas carregadas de óleo».
O eucalipto tem sido a principal aposta da indústria, representando mais de 77% do investimento em florestação no ano passado. Para a indústria, a espécie é altamente lucrativa, já que a idade de corte ronda os cinco e os sete anos – mesmo em caso de incêndio, a capacidade de regeneração é bastante elevada, podendo a madeira ser aproveitada economicamente e, em alguns casos, ainda assim regenerar-se.
Ontem, Passos Coelho escolheu adoptar os argumentos de empresas como a Altri, que atacaram a intenção de limitar a expansão do eucalipto na floresta portuguesa (que já é a espécie mais comum na floresta portuguesa, ocupando mais de 800 mil hectares), de acordo com a posição conjunta assinada pelo PEV com o PS, e vertido, parcialmente, na proposta de reforma da floresta do Governo.
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