Dezenas de populares aderiram ao apelo da Junta de Freguesia da União de Freguesias da Caparica e Trafaria (CDU) e marcaram presença no protesto marcado contra o fecho do posto dos correios do Monte de Caparica.
Durante a acção de luta, realizada no último dia de funcionamento daquele serviço ouviram-se as palavras de ordem «queremos os correios!». Todo o executivo autárquico e membros da assembleia de freguesia também fizeram questão de marcar presença.
O único posto de correios do Monte de Caparica está concessionado desde Outubro de 2018 e a concessionária, Alexandra Rocha, decidiu pôr fim ao contrato por falta de condições, afirmando em declarações à Lusa que «que os valores que eu estava a receber de comissão não me eram sustentáveis, porque eu tenho que pagar a água e a luz do edifício, não consigo empregar ninguém por mais que queira. É impensável, estou a receber cerca de 650 a 700 euros por mês».
Os CTT, em nota escrita enviada à mesma agência informaram que o serviço iria encerrar «devido à rescisão contratual por parte do prestador, não estando relacionado com os CTT». Não obstante, a concessionária diz que os CTT, não só nunca cumpriram o aumento estipulado de 110 euros por mês, como também não chegaram a responder à proposta de pagamento de uma comissão fixa de 300 euros mensais.
Perante esta situação que afecta a população, a Junta de Freguesia da União das Freguesias da Caparica e Trafaria decidiu convocar para esta manhã esta concentração, estando disponível para «usar todos os meios para impedir que isto aconteça». A presidente da autarquia, Teresa Coelho (CDU), explica que «esta luta vem desde 2013, quando começou a privatização dos CTT e nós sempre fomos exigindo, mantendo-nos firmes nesta posição, de que queremos que o posto volte a funcionar aqui».
Os utentes em protesto estão indignados, como sublinha António Roque, de 87 anos, que entende que este serviço «faz muita falta ao povo. [O posto] sempre foi aqui, desde que me lembro, e agora onde é que o querem pôr? Nós não temos vida para pagar os transportes e ir para onde eles querem».
Também Manuel Palmeira, de 73 anos, lembra que este posto tem «uma influência muito grande porque esta freguesia tem 12 mil habitantes».
Os CTT vieram explicar que a freguesia terá um novo serviço disponível na Rua de Dentro, mas os moradores contestam por motivos de segurança, por ser uma zona que gera medo e receiam assaltos.
Ao que se soma, segundo os utentes, que deslocação a outra freguesia não é opção, uma vez que tal implicaria a utilização de transportes públicos que «são muito debilitados e fracos. Agora os velhotes têm os passes dos 20 euros, e isso foi muito bom, mas de qualquer forma alguns velhotes não têm mobilidade para ir para tão longe e sair dos carros», referiu o utente Manuel Palmeira à Lusa.
Na passada semana a junta de freguesia lançou ainda uma petição contra o encerramento do posto, a qual já conta com as «assinaturas suficientes para ser entregue à comissão parlamentar», mas que prosseguirá a recolha com o objectivo de chegar às quatro mil para que o assunto seja discutido em plenário na Assembleia da República.
Em nota enviada à imprensa, este organismo sublinhava que tal encerramento tem lugar «na continuidade dos ataques aos serviços públicos» e que, com a privatização destes, nomeadamente do serviço público postal, são as populações que perdem, sendo para os comunistas imprescindível a necessidade das populações lutarem pela reposição da estação dos CTT no Monte de Caparica.
Com agência Lusa
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