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Ministério espanhol da Defesa permite uma exposição sobre a Divisão Azul

Em resposta enviada a um deputado da EH Bildu, o ministério dirigido por Margarita Robles equipara a mostra sobre os espanhóis que lutaram ao lado dos nazis com exposições ligadas aos republicanos.​

Créditos / naiz.eus

O Quartel de Loiola, no centro de Donostia (País Basco), vai continuar a mostrar armas, documentos e fotos dos soldados franquistas que lutaram ao lado dos nazis, informou o jornal Público espanhol esta terça-feira.

É precisamente isso que se depreende de uma resposta enviada a um deputado da coligação basca EH Bildu, na qual também se fica a perceber que a exposição de homenagem à unidade de infantaria espanhola de apoio aos nazis, que se integrou no Exército alemão para lutar contra a União Soviética, «encontrou apoio e justificação da parte do Ministério da Defesa», refere o diário.

Na resposta, a tutela começa por «negar o fundo da questão», afirmando que no Quartel de Loiola «não há uma exposição permanente dedicada à Divisão Azul», algo que, lembra o periódico espanhol, entra em contradição com aquilo que o diário basco Noticias de Gipuzkoa divulgou em 25 de Novembro último.

Numa peça intitulada «Fotos: la exposición sobre la División Azul del cuartel de Loiola de Donostia», podia-se ver diversas imagens de uma das salas do edifício referido, onde estão patentes objectos – incluindo armamento – dos membros do Regimento de Infantaria «Tercio Viejo de Sicilia» que «intervieram na campanha da Rússia integrados na divisão espanhola de voluntários», conhecida como Divisão Azul.

Na resposta ao deputado, o Ministério espanhol da Defesa sustenta que esse regimento «dispõe no Aquartelamento de Loiola de um espaço denominado Sala Histórica, através de cujas salas se mostram os cinco séculos de história desta unidade». Esse espaço «nutre-se das aquisições, doações e depósitos, e a informação actualiza-se constantemente à medida que avançam as investigações históricas».

Republicanos e franquistas, lado a lado

De acordo com o texto do Ministério da Defesa, citado pelo Público, na «época do século XX, há um espaço no qual se reflecte a influência que a Segunda Guerra Mundial teve no Exército e por extensão nesta Unidade».

Neste sentido, argumenta que ali se podem encontrar «actuações de soldados espanhóis durante o conflito», entre as quais figuram «as protagonizadas pelos milhares de espanhóis republicanos que ao atravessar a fronteira francesa se juntaram aos diferentes exércitos aliados na sua luta contra o fascismo, bem como as protagonizadas por membros da Divisão Espanhola de Voluntários».

Afirma ainda que «nesta Sala Histórica, como em todas as instalações dependentes do Ministério da Defesa, se vela pelo cumprimento dos preceitos da Lei pela qual são reconhecidos e ampliados direitos e se estabelecem medidas a favor de quem sofreu perseguição ou violência durante a guerra civil e a ditadura».

EH Bildu: «Nega a evidência»

Depois de receber a resposta, Jon Iñarritu, deputado da EH Bildu que questionou o governo espanhol, disse ao Público que o ministério «nega a evidência» sobre a exposição da Divisão Azul no Quartel de Loiola, ao mesmo tempo que «a camufla de historicismo».

Já em Novembro do ano passado, antes de o Noticias de Gipuzkoa publicar as fotos da exposição, uma senadora do PNV manifestou o seu mal-estar ao ministro espanhol da Presidência, Félix Bolaños, a quem reclamou o cumprimento da Lei da Memória Histórica e, por conseguinte, a retirada da simbologia alusiva à Divisão Azul.

Na rede social Twitter, a permanência da exposição e a resposta do ministério mereceram amplas críticas. O deputado galego Néstor Rego, do BNG, escreveu: «Fascismo no Exército espanhol com amparo da ministra da Defesa do Governo "mais progressista"».

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