Na Corunha, Pontevedra, Ourense e Lugo, realizaram-se concentrações, enquanto Vigo e Compostela foram palco de manifestações, tal como Ferrol, onde decorreu o acto central da jornada de luta, com a tradicional colocação de flores junto ao monumento do 10 de Março.
Presente em Ferrol, Paulo Carril, secretário-geral da Confederação Intersindical Galega (CIG), sublinhou que neste momento, em que ter um emprego já não garante o rendimento mínimo necessário para viver com dignidade e aceder a direitos básicos, como a alimentação, a energia ou a habitação, é preciso vir para a rua, para acabar com a precariedade e exigir nova legislação que restitua os direitos perdidos.
Reafirmou ainda a necessidade de um quadro galego de relações laborais, para se «poder exercer o direito a negociar e decidir na Galiza os nossos acordos colectivos, as nossas condições de trabalho, de forma directa e democrática, com soluções ajustadas à nossa realidade laboral, social, industrial, económica e demográfica».
Aumenta a precariedade e a pobreza
Dois anos depois da aprovação da última reforma laboral, mais do 50% das famílias em situação de pobreza têm emprego e um de cada três trabalhadores tiveram rendimentos inferiores ao salário mínimo espanhol. As mulheres e os jovens, explica a CIG no seu portal, são um particular exemplo desta realidade.
«O capital não pára de ganhar mais à custa de possuir um exército maior de mão-de-obra barata, que vive da enorme incerteza do seu futuro, obrigada a uma permanente rotatividade de desemprego-emprego precário-desemprego», alertou.
Esta é a realidade que deixam as políticas laborais neoliberais implementadas pelo governo central para satisfazer as exigências da União Europeia (UE) a troco de uns fundos que estão a hipotecar o futuro, que aceleram o aumento das desigualdades e da pobreza na Galiza, com importantes sectores produtivos a agonizar, «e que são o complemento perfeito para favorecer as nefastas políticas que o PP faz na Galiza», disse.
Carril lembrou que o governo galego partilha estas políticas «e todas aquelas que reforcem a dependência económica e política da Galiza em relação ao sistema espanhol, negando um desenvolvimento galego próprio para travar o aumento do empobrecimento das classes populares, a privatização dos serviços públicos, o imparável envelhecimento da população, a desertificação social e industrial de muitas comarcas e a contínua emigração por falta de emprego».
Neste contexto, destacou a necessidade da mobilização nos locais de trabalho e nas ruas.
10 de Março: data de luta e reafirmação
O secretário-geral da CIG destacou que a melhor homenagem que se pode fazer a Amador Rey e Daniel Niebla – trabalhadores assassinados pela Polícia franquista durante uma manifestação em Ferrol, a 10 de Março de 1972 – é intensificar a luta, para conquistar direitos e conseguir políticas alternativas às do governo e do patronato, e transformar a realidade galega, «no objectivo estratégico que temos da conquista de uma Galiza livre e sem exploração».
Na sua intervenção, no final da manifestação de Ferrol, Carril instou os presentes a organizar mais e melhor a classe trabalhadora galega, para confrontar o roubo e o saque que vivem como classe e como povo.
Também fez referência à luta do povo palestiniano, tendo afirmado que essa luta está muito presente em quem se identifica com o anti-imperialismo e a solidariedade internacionalista, e condenou «o genocídio que Israel está a executar com a cumplicidade da UE e dos EUA».
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