A exibição de Now, de Santiago Álvarez, Por Primera Vez, de Octavio Cortázar, e Nosotros y La Música, de Rogelio París – «três filmes cubanos que evidenciam o internacionalismo, a influência cinematográfica e a formação da cultura» –, marcou o início da Semana de Arte e Revolução Cubana, na maior cidade dos Estados Unidos.
«The People's Forum tem o prazer de exibir alguns dos filmes cubanos mais emblemáticos e históricos este mês. Entre 20 e 27 de Julho, realizaremos exibições do acervo do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica (Icaic) no âmbito da nossa Semana de Arte e Revolução Cubana», destacou o movimento na sua conta de Twitter (X).
Martin, que apresentou em Havana o filme Gaza Fights For Freedom, participou num debate sobre jornalismo independente na União dos Jornalistas de Cuba e tem estado a conhecer as conquistas da Revolução. A longa-metragem, que estreou em 2019, foi filmada quando a conhecida realizadora e jornalista informava a partir da Palestina e o governo israelita lhe recusou a entrada em Gaza, acusando-a de «propagandista». O filme apresenta imagens exclusivas sobre os protestos conhecidos como Grande Marcha do Retorno, em 2018. Após a apresentação da obra em Havana, no passado dia 26, Martin liderou um debate com os membros da União dos Jornalistas de Cuba sobre o papel do jornalismo independente e a sua influência no actual contexto sociopolítico dos EUA. «É um insulto que os Estados Unidos se julguem o árbitro no que respeita à imprensa livre e aos direitos humanos quando reprimem ambos, tanto no seu território como no resto do mundo», declarou a realizadora, citada pela Prensa Latina. Acompanhada pelos activistas e amigos de Cuba Manolo de los Santos e Benjamin Samuel Becker, co-director do movimento The People’s Forum e editor chefe do portal BreakThrough News, respectivamente, a realizadora pôde verificar o calor com que a sua obra foi acolhida na Ilha e, em especial, por Bassel Salem, correspondente da revista palestiniana Al-Hadaf, que destacou a repercussão de um documentário que expõe a ocupação e o cerco israelitas ao seu país. «Vozes como as nossas são altamente censuradas […]. É difícil moldar a consciência do povo e a desconfiança em relação aos media», disse Martin em resposta a uma pergunta sobre o peso que o jornalismo alternativo está a ter na sociedade norte-americana. Nos últimos dias, a também apresentadora da série Los archivos del Imperio, emitida pela TeleSur, tem mantido uma intensa agenda de contactos para conhecer vários aspectos da realidade cubana. No Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia, Abby Martin reuniu-se, esta segunda-feira, com responsáveis e cientistas, tendo ali destacado que, enquanto o resto do mundo e as grandes farmacêuticas apenas se centram no crescimento económico, «é incrível chegar a Cuba e ouvir outro tipo de abordagem» e ver as conquistas da ciência cubana, apesar das restrições do bloqueio imposto por Washington. No encontro, também participaram Manolo de los Santos, de The People’s Forum, e o editor chefe de BreakThroug News, Benjamin Samuel Becker, que destacaram a visão do líder histórico Fidel Castro nos avanços da ciência no país caribenho. No mesmo dia, à tarde, De los Santos, Martin e Samuel Becker, acompanhados pelo coordenador nacional dos Comités de Defesa da Revolução, Gerado Hernández, foram conhecer o bairro de La Corbata, no município habanero de Playa. Ali, os visitantes falaram com os moradores e conheceram de perto aspectos da realidade concreta do bairro, como a periodicidade dos serviços de luz e água, as reparações rodoviárias e nas habitações, entre outras coisas. Becker afirmou que é incrível tudo o que se alcançou em Cuba, apesar do bloqueio. «Cuba tem problemas, mas também um governo que faz tudo o que pode pelo seu povo», disse. Por seu lado, Abby Martin destacou como lhe foi «grato» ver como o país, com tantas restrições, apoia as comunidades vulneráveis. Já esta terça-feira, no contexto da sua visita à Ilha, a jornalista e realizadora norte-americana, que trabalha actualmente na produção de um documentário sobre o impacto ambiental das bases militares do Pentágono, encontrou-se com responsáveis do Instituto Cubano da Arte e Indústria Cinematográficas (Icaic), incluindo o seu presidente, Ramón Samada. Este último deu a conhecer obras importantes da sétima arte cubana e explicou a história da instituição, nomeadamente a estreita relação entre Fidel Castro e o cineasta Alfredo Guevara, que foi o máximo dinamizador do Icaic. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Realizadora norte-americana Abby Martin com intensa agenda solidária em Cuba
Ciência, visita a um bairro de Havana e cinema
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Em declarações à Prensa Latina, Hannah Priscila Craig, membro da organização, disse que a Semana se iniciou com a projecção dos filmes acima mencionados com o objectivo de «apresentar importantes lições da arte e da cultura da Ilha».
«O cinema tem o grande poder de inflamar e unir. Adoro o cinema cubano e acho que é um exemplo para todo o mundo de como a cultura pode ser uma ferramenta na luta por um mundo melhor», disse Craig.
No seu portal, a organização solidária e anti-imperialista destaca que o programa desta Semana se prolonga até ao próximo dia 27, tendo como um dos pontos altos a celebração do 71.º aniversário dos ataques ao Quartel Moncada, em Santiago de Cuba, que «desencadearam a Revolução Cubana».
No dia 26 de Julho, o Dia da Rebeldia Nacional em Cuba será motivo para um encontro de activistas solidários na sede da organização, em Manhattan (Nova Iorque), estando igualmente programada a apresentação do livro Haydée Speaks of Moncada, publicado pela 1804 Books em colaboração com a Casa das Américas.
Haydée Santamaría, intelectual e revolucionária cubana, nasceu há cem anos. A Casa das Américas, que Santamaría fundou em Abril de 1959, continua a evocá-la, dando seguimento a um extenso programa. «Os tecidos da memória» é o título da mostra de artes visuais que ocupa o vestíbulo, a Galeria Latino-americana e o segundo andar da sede da instituição, localizada no bairro habanero de El Vedado. Também na Casa das Américas, o visitante pode apreciar a exposição «La vida es hermosa cuando se vive así», que reúne livros, documentos e objectos com valor histórico do centro cultural, indica a Prensa Latina. A comemoração dos cem anos de Yeyé, como Haydée Santamaría era conhecida entre os amigos e mais próximos colaboradores, prossegue este ano com concertos dos músicos José María Vitier e Amaury Pérez, segundo indicou Casa ao dar conta da programação relacionada com o centenário. Foram também referidas uma apresentação especial do Ballet Nacional de Cuba, eventos dedicados às lutas das mulheres latino-americanas e a edição número 63 do seu Prémio Literário, que foi transferido para final de Abril, para coincidir com o 64.º aniversário da fundação da Casa. Nascida a 30 de Dezembro de 1922, Haydée Santamaría ficou também conhecida como Heroína do Moncada e da Sierra, pela sua ligação ao assalto ao quartel da ditadura em Santiago de Cuba, a 26 de Julho de 1953, e por ter integrado o Exército Rebelde. Ao anunciar as actividades relacionadas com o centenário do nascimento da política e guerrilheira cubana, o presidente da Casa das Américas, Abel Prieto, destacou que a sua personalidade marcou a intelectualidade da Ilha e da América Latina pelo seu sentido ético, o seu sentimento anticolonial, anti-imperialista, martiano, e com a sua obra prática. O número duplo 308-309 da revista trimestral Casa de las Américas é dedicado à fundadora da instituição e heroína da Revolução cubana, ali se reunindo testemunhos, documentos, discursos, cartas e entrevistas para se poder «aquilatar a excepcional personalidade» da mulher que nasceu em Encrucijada (província de Villa Clara). Ainda em homenagem a Santamaría, a Casa co-editou, com a Ocean Sur, a obra «Hay que defender la vida». Haydée Santamaría contada por ella misma, com o intuito de promover o ideário da protagonista entre as novas gerações de cubanos e entre os leitores do continente. Jaime Gómez, vice-presidente de Casa das Américas e um dos compiladores do volume, afirmou a propósito que «o Moncada, a clandestinidade, a serra, o exílio, o triunfo de Janeiro de 59, a Casa faziam parte de uma mesma coisa, faziam parte da sua luta, da sua vontade de trabalhar permanentemente por toda a justiça possível». Numa entrevista que concedeu ao jornalista mexicano Rodolfo Alcaraz, em Maio de 1968, incluída no actual número da revista da Casa das Américas (p. 62-92), Haydée fala da vitória da vida sobre a morte. «Pero de todas maneras la vida vence a la muerte. Siempre la vida es tan grande, tan hermosa, que cuando hay una razón de vivir, eso vence a todo. Yo creo que cuando la vida tiene una razón, tanto sentido, es tan importante, la vida y la muerte se entrelazan. Porque cuando se ama tanto la vida, sabe uno lo que significa vivirla, y no se teme a la muerte. Por eso es que los que tienen una vida sin sentido le temen tanto a la muerte. Los que más aman la vida se enfrentan más a la muerte; por eso se dice que los revolucionarios no le temen a la muerte, no temen morir. Yo creo que eso es al revés, ¿por qué?, ¿por qué razón? ¿Qué vida hay más hermosa que la de un revolucionario, que la de los revolucionarios? Un revolucionario ve de verdad la hermosura, ve lo hermoso, hace que la vida sea más bella.» (p. 78) Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Cultura|
Haydée Santamaría no centenário: «Hay que defender la vida»
Revista e livro dedicados
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A revolucionária cubana Haydée Santamaría, fundadora da instituição cultural com sede em Havana, será ainda homenageada com a exposição de cartazes «La chispa que encendió la revolución cubana», produzidos pela Casa das Américas por ocasião do centenário do seu nascimento (2022).
Serão ainda exibidos, no âmbito da Semana, os filmes Retrato de Teresa, de Pastor Vega (dia 25), e, no encerramento da Semana, a 27, José Martí, el Ojo del Canario, de Fernando Pérez.
«Junte-se a nós para celebrar os triunfos da Revolução Cubana e imaginar um futuro revolucionário para o mundo», afirma The People's Forum.
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