Na passada quinta-feira, dia 1 de Agosto, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), instituto público, integrado na administração indireta do Estado e dotado com a missão de promover o controlo da qualidade e quantidade dos vinhos do Porto, regulamentando o processo produtivo, anunciou um enorme corte do benefício, ou seja da quantidade do que se chama «mosto», o sumo de uvas frescas prensadas destinado à fermentação alcoólica.
Em causa está o corte de 14 mil pipas face à campanha de 2023, a que se junta o corte de 12 mil pipas já realizado em 2023 e que se traduz numa perda de 26 milhões de euros. Este anúncio volta a colocar dificuldades aos produtores de vinho, especialmente aos pequenos e médios viticultores que vêem mais uma barreira à sua actividade.
Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), na Região Demarcada do Douro os agricultores enfrentam preços muito baixos à produção de uva e de vinho que se mantêm há 25 anos sendo que os preços da actividade são muito elevados. A isto acresce enormes dificuldades no escoamento da produção com os grandes agentes da transformação e do comércio a ameaçarem não lhes comprar as uvas da vindima de 2024.
A insatisfação face ao anunciado pelo IVDP prende-se ainda com a dualidade de critérios nas medidas colocadas em prática. Enquanto as dificuldades dos viticultores se avolumam e o escoamento do produzido se torna cada vez mais difícil, «a região é inundada com importações desnecessárias de vinhos e mostos e as políticas dos sucessivos Governos apenas favorecem os grandes interesses da transformação e comércio da região», defende a CNA.
Entre as várias reivindicações está ainda a exigência de realizações para a Casa do Douro, federação que congrega diversas cooperativas e associações na defesa dos interesses da Região Demarcada do Douro e seus viticultores, mas que actualmente, para a CNA, não pertence aos seus «legítimos donos» e, como tal, não os salvaguarda.
Dada a insatisfação, a CNA e a Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense (AVADOURIENSE), reunidos para discutir a difícil situação, decidiram avançar com uma manifestação, a realizar a 7 de Agosto, na Régua.
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