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Ministra quer manter urgências do SNS no colapso e financiar o sector social

Ana Paula Martins inaugurou hoje o Centro de Atendimento Clínico do Hospital da Prelada, uma unidade de saúde da Misericórdia do Porto criada com financiamento público. Sobre as urgências, a ministra diz que esta é a solução.

CréditosManuel de Almeida / EPA

Este fim-de-semana estiveram encerradas 11 urgências em nove hospitais e hoje estão quatro hospitais com cinco urgências também encerradas. Este está a ser o retrato do primeiro verão sob um Governo AD, o mesmo que prometeu resolver os problemas do SNS em 60 dias. 

A críticas ante a inacção começam a levantar-se e as lutas dos vários profissionais de saúde em defesa das carreiras e do SNS intensificam-se. O colapso dos serviços de urgência é visível. Entre 2 e 16 de Agosto a maternidade do Porto realizou 14 partos a grávidas de Leiria devido ao bloco de partos de Leiria. 

Apesar da evidência e da clara necessidade de investimento no SNS para resolver os problemas identificados, o Governo parece que está satisfeito com o rumo da situação. Luís Montenegro, na Festa do Pontal, vendeu uma realidade alternativa e hoje a ministra da Saúde foi inaugurar Centro de Atendimento Clínico do Hospital da Prelada que custou aos cofres do Estado 65 milhões de euros, apesar deste pertencer à Misericórdia do Porto. 

Desviar dinheiro do SNS e direccioná-lo para o sector social parece uma opção premeditada e é Ana Paula Martins que o confirma. Aos jornalistas a ministra disse que se a experiência do Hospital da Prelada «correr bem, naturalmente que alargaremos este conceito a outras zonas do país». 

A ideia dos Centros de Atendimento Clínico consta no Plano de Emergência e Transformação na Saúde e serve para tapar o sol com a paneira. Aos invés de se realizar um investimento estrutural no SNS e, por sua vez, nos serviço de urgência, o Governo procura colocar dinheiro público no sector social, desvirtuando as funções sociais do Estado, aprofundando as dificuldades do SNS e, ao transferir doentes não urgentes, com pulseira verde ou azul, alegar que há profissionais suficientes no sector público face à procura. 

A título de exemplo, o Centro de Atendimento Clínico do Hospital da Prelada servirá para atender doentes que se dirigiram às urgências do Hospital de Santo António e do Hospital de São João, cujas triagens os classificaram como não ou menos urgentes, mas também utentes que sejam reencaminhados pelo SNS 24. Enquanto a Misericórdia do Porto recebe uma injecção de dinheiro público, os hospitais referidos não viram nem mais um cêntimo e mantêm as dificuldades que já tinha. 
 

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