O advogado do arguido confirmou esta quarta-feira à Lusa que «foi deduzida acusação por um crime de homicídio» contra o seu cliente, acrescentando que vai consultar o processo e ponderar se vai ou não requerer a abertura de instrução, fase facultativa que visa decidir por um juiz de instrução criminal se o processo segue e em que moldes para julgamento.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de Outubro, na Cova da Moura, tendo sido atingido na cabeça, tórax e abdómen, depois de, alegadamente, ter tentado resistir à detenção. Odair Moniz acabou por morrer no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa.
O movimento Vida Justa, que organiza os moradores dos territórios populares, exigiu de imediato uma investigação imparcial, salientando que os moradores dos bairros «precisam de paz e não de serem assassinados», e reforçou o pedido de audiência à ministra da Administração Interna, «para que se ponha cobro ao assédio e violência policial que sofrem as comunidades dos bairros». Também a SOS Racismo contestou a versão oficial da PSP. Segundo esta, Odair Moniz pôs-se «em fuga» de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, «terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca».
O argumento da arma branca foi, entretanto, desmentido pela procuradora que conduziu no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa o inquérito à morte de Odair Moniz.
No dia 26 de Outubro, milhares de pessoas saíram à rua, em Lisboa, numa manifestação a pedir justiça para Odair, sob o lema: «Sem Justiça não há paz».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui