Alunos do Monte de Caparica em contentores há sete anos

Parte dos estudantes da Escola Secundária do Monte de Caparica, em Almada, continua a ter aulas em contentores passados sete anos. Os estudantes vieram à rua exigir condições para estudar.

Os alunos chamam a atenção para a realidade de ter aulas em contentores
Créditos / TSF

Em Almada, os alunos da Escola Secundária do Monte de Caparica protestaram ontem por melhores condições para estudar. Com aulas em contentores desde 2010, os estudantes trouxeram a sala de aula para a rua para demonstrar «que é a mesma coisa» que ter aulas em monoblocos.

«Se chovesse agora, caía água em cima de nós como nos contentores, e o calor é melhor aqui fora que lá dentro», denunciou à RTP Helder Moita, da Associação de Estudantes.

Os alunos apresentaram várias queixas, como o facto de os monoblocos que têm computadores não terem acesso à Internet e os cabos não funcionarem devidamente. Também reivindicaram manuais escolares gratuitos.

As aulas começaram a ser em contentores quando se iniciaram as obras de requalificação da Empresa Parque Escolar. Estava a ser construído um edifício de raiz e outro estava a ser reabilitado. Com a suspensão das obras durante o mandato do anterior governo do PSD e do CDS-PP, ficou tudo por concluir.

A direcção da escola foi informada pela Parque Escolar de que as obras irão recomeçar ainda este ano, mas não foi indicada uma data. Também o Ministério da Educação afirma que a escola está dentro das prioridades, mas nada diz quanto ao calendário previsto.

Mês de protestos por todo o País

Dezenas de Associações de Estudantes (AE) lançaram um apelo para que este mês, em que se comemoram os 55 anos do Dia do Estudante, a 24 de Março, fosse também um mês de protestos em torno de vários problemas sentidos pelos alunos.

«Da cooperação de diversas AE nasce este documento que visa alcançar toda a massa estudantil e apelar a esta para que intervenha e se expresse», declaram as AE. No apelo instam ao protesto contra problemas «que, infelizmente, são cada vez mais a regra e não a excepção nas escolas de todo o país» – a necessidade de obras, a falta de funcionários e professores, o desinvestimento na Acção Social Escolar ou os preços «exorbitantes» dos manuais escolares.

A maioria dos protestos estão convocados para amanhã. Para além do protesto em Almada realizado ontem, também decorreu hoje uma manifestação de alunos na Escola Secundária D. Domingues Jardo, em Sintra, pela remoção dos telhados de amianto, pela contratação de mais funcionários e pelo aumento do investimento na educação. Os estudantes desta escola denunciaram ainda a «repressão» de que foram alvo. A par de relatos de que um polícia terá empurrado um estudante depois de ameaças de expulsão, dez alunos foram chamados à direcção, faixas e cartazes foram retirados, e estudantes foram impedidos de sair da escola para participar na manifestação.

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