No começo de Abril deste ano, dirigentes da oposição venezuelana organizaram uma série de mobilizações para exigir a destituição dos magistrados do Supremo Tribunal de Justiça, depois de este órgão de soberania ter decidido assumir as competências da Assembleia Nacional venezuelana, que se mantinha em situação de desobediência.
As mobilizações, convocadas muitas vezes sem que fosse anunciado o ponto de chegada, ou tendo como destino locais não autorizados, terminaram de forma violenta: ataques à Polícia e à Guarda Nacional Bolivariana; destruição de instituições públicas e privadas; colocação de barricadas, e confrontos com a população civil que não apoia os opositores. Como consequência destas «mobilizações» morreu muita gente.
Neste cenário, tanto meios venezuelanos como internacionais têm tentado fazer passar a ideia de que a «repressão do Maduro» é responsável pela morte de pessoas em diversas circunstâncias, silenciando a imputabilidade directa de vários sectores da oposição.
Lista actualizada e em actualização
Até ontem, 28 de Maio, morreram ou foram assassinadas 69 pessoas como consequência directa ou indirecta das manifestações violentas promovidas pela oposição na Venezuela. Os meios de comunicação social falam em 71 casos, mas o Alba Ciudad não considera dois casos em que as famílias dos falecidos e as autoridades acabaram por invalidar qualquer ligação das mortes aos protestos.
Se for caso disso, esta lista continuará a ser actualizada, tal como o Alba Ciudad fez em 2014, quando dos protestos violentos conhecidos como «Las Guarimbas» ou «La Salida» – organizados pelo partido de extrema-direita Voluntad Popular, de Leopoldo López –, no âmbito dos quais foram assassinadas 43 pessoas, de todas as tendências políticas.
Saques
14 pessoas morreram durante saques nos protestos violentos. Doze morreram durante saques e acções violências em El Valle; outro alegado saqueador morreu em Valencia no dia 3 de Maio, quando o dono da loja onde entrou lhe deu um tiro; um comerciante foi assassinado em Tabay, estado de Mérida, quando protegia o seu restaurante.
Barricadas
Oito mortos. Duas mulheres morreram no estado de Carabobo, quando o autocarro em que seguiam se virou ao tentar evitar uma barricada; um homem morreu quando a sua moto embateu com um automóvel em contra-mão, na autoestrada Prados del Este, por causa das barricadas colocadas na via; um homem morreu quando a sua moto embateu numa barricada, que não tinha visto, no estado de Lara; um homem foi assassinado ao tentar passar por uma barricada colocada por opositores em Táchira; um homem foi assassinado por desconhecidos depois de forçar a passagem por uma barricada em Caracas; um homem foi atropelado por uma camioneta, numa barricada, em Zulia; um homem foi morto a tiro frente a uma barricada, quando seguia na sua moto e via como podia passar por ela.
Disparos de forças de segurança
Sete pessoas morreram alegadamente como consequência da actuação das forças de segurança encarregues do controlo das manifestações. Neste momento, 23 agentes estão detidos ou são procurados por relação com estes factos.
Disparos de grupos criminosos
Três mortos. Dois homens foram mortos a tiro, em Mérida, por um grupo criminoso ligado aos protestos da oposição; um homem foi sequestrado e assassinado por grupos que se pensa estarem ligados à oposição em Barquisimeto.
Linchamento
Uma morte. Danny José Subero foi linchado e assassinado em Cabudare, no estado de Lara.
Pessoas que passavam perto de uma manifestação
Quinze mortes. Uma mulher foi assassinada em Caracas quando alguém atirava garrafas contra uma manifestação «chavista»; um homem foi atingido a tiro perto de uma manifestação da oposição em Mérida; um adolescente foi assassinado na sequência de um ataque contra uma urbanização construída pelo governo em Barquisimeto; um homem morreu na Puente Baloa, junto a uma manifestação violenta, quando ia comprar queijo e empadas para o pequeno-almoço dos seus irmãos; um adolescente ia praticar desporto quando foi atingido a tiro em San Bernandino, perto de uma manifestação da oposição; um adolescente saiu de casa em Santa Ana, no estado de Táchira, e, no meio de distúrbios, um grupo de homens de motorizada começou a disparar contra ele, matando-o; um homem passava perto de uma manifestação em Capacho e foi atingido a tiro, alegadamente, disparado por um polícia de Táchira; um homem, em Barquisimeto, aproximou-se de uma manifestação, junto a sua casa, e recebeu um disparo; uma mulher que ia caminho do transporte público sofreu um enfarte quando tentou passar pelo meio de barricadas, no meio de confrontos entre manifestantes, em Barquisimeto; um homem saiu de casa para receber um amigo, perto de um protesto, em Montaña Alta, e um agente da Polícia de Trânsito matou-o; um adolescente ia comprar farinha quando foi assassinado, em Sabaneta, no estado de Táchira; um homem estava numa fila em Tucapé, no estado de Táchira, quando se aproximou de uma manifestação e foi atingido a tiro; um jovem com deficiência motora foi atingido a tiro no estômago quando fugia de uma manifestação violenta em Petare; um homem aproximou-se de uma manifestação, perto de sua casa, em Barquisimeto, quando um grupo de pessoas se dirigiu a ele e o atingiu com 11 disparos; uma mulher foi assassinada em Táchira quando alguém disparou contra um suposto «colectivo chavista» que cometia acções irregulares.
Agentes de segurança assassinados
Três mortes. Um agente da Polícia de Carabobo morreu na sequência de um ataque de manifestantes; outro agente da Polícia de Carabobo foi morto a tiro, alegadamente, por franco-atiradores; um agente da Guarda Nacional Bolivariana foi assassinado enquanto exercia as suas funções.
Mais 20 casos
Há 20 casos actualmente sob investigação e sobre os quais ainda não foram divulgados dados suficientes, nomeadamente sobre a forma como ocorreu a morte e sobre quem foi o suposto homicida.
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