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«O mundo está com Cuba»

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, recebeu na capital russa a notícia da votação sobre a resolução contra o «bloqueio», apresentada pelo seu país, e definiu-a como uma «tremenda vitória».

Resultado da votação, na Assembleia Geral das Nações Unidas, da resolução apresentada por Cuba contra o bloqueio imposto pelos EUA, a 1 de Novembro de 2018
CréditosEvan Schneider / ONU

Pouco depois de aterrar na Federação Russa – primeira etapa de um périplo por vários países –, Díaz-Canel ficou a par da votação da resolução «Necessidade de pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América a Cuba», que o seu país apresentou na Assembleia Geral das Nações Unidas.

«Tivemos a grata notícia de que alcançámos uma contundente vitória nas Nações Unidas, o que, por seu lado, se torna numa derrota para os Estados Unidos», disse o presidente cubano, em Moscovo, à imprensa que o acompanha neste périplo internacional.

«Uma vez mais, o mundo reconheceu a causa cubana e defendeu Cuba, porque o mundo sabe que temos uma causa justa», frisou, citado pelo diário Granma.

Valorizando a dimensão da vitória que o seu país acabara de obter em Nova Iorque, Díaz-Canel acrescentou: «Cuba é uma ilha pequena, mas em dignidade é tão grande como o mundo, porque o mundo está com Cuba.»

Fim do bloqueio a Cuba, exigência renovada

Os países-membros das Nações Unidas voltaram a unir-se de forma quase unânime, esta quinta-feira, para aprovar a resolução que exige o fim do bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos a Cuba há mais de meio século.

O texto foi aprovado com 189 votos a favor e sem abstenções. Apenas os Estados Unidos e Israel mantiveram uma posição contrária à exigência do fim do bloqueio, que visa destruir o sistema político, económico e social construído pelo povo cubano, constituindo uma «violação massiva» dos seus direitos humanos e um «acto de genocídio», segundo denunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez.

A Ucrânia e a Moldávia não votaram – nem se abstiveram –, pelo que não entraram na contagem da votação. As oito emendas ao texto apresentadas pelos EUA – que inicialmente figuravam num documento único – tiveram de ser votadas individualmente e foram todas chumbadas.

Essas emendas enquadram-se na estratégia de pressão mais intensa que os Estados Unidos exerceram junto das Nações Unidas, este ano, e que levou a que a votação, inicialmente prevista para 31 de Outubro, passasse para 1 de Novembro.

Os representantes cubanos denunciaram, no final de Outubro, a «manobra política hostil» dos EUA, com o objectivo de «enfraquecer o apoio à ilha» numa votação que lhe é favorável nos últimos 26 anos.

De acordo com Bruno Rodríguez, foi possível ver no plenário da Assembleia Geral das Nações Unidas «delegados da missão norte-americana e do Departamento de Estado a exercer pressões directas e, nalguns casos, quase públicas», indica a Prensa Latina. «Fizeram-no junto de representantes de estados-membros, e também de funcionários da secretaria da ONU», precisou o diplomata cubano.

Bloqueio é uma «violação dos direitos humanos»

Mais de 30 países intervieram no debate que antecedeu a votação para expressar o seu apoio a Cuba e o repúdio pelo bloqueio. Diplomatas de países de várias regiões do planeta e representantes de organizações como o Grupo dos 77 ou o Movimento dos Países Não Alinhados sublinharam que o bloqueio imposto pelos EUA é um obstáculo ao pleno desenvolvimento de Cuba, constitui uma violação dos direitos humanos de todo um povo e afecta as relações do país caribenho com o resto do mundo, refere a Prensa Latina.

Na sua intervenção, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez, insistiu que «o bloqueio constitui uma violação flagrante, massiva e sistemática dos direitos humanos dos cubanos e tem sido um impedimento essencial para as aspirações de bem-estar e prosperidade de várias gerações».

Por seu lado, a representação norte-americana manteve a defesa do bloqueio e rejeitou a resolução contra essa política. A representante permanente dos Estados Unidos junto das Nações Unidas, Nikki Haley, voltou a referir-se aos direitos humanos e a uma suposta solidariedade com o povo cubano para justificar a continuidade dessa política condenada pelo resto do mundo.

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