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Brisa: 181 milhões para os patrões, 3% de aumento para quem cria a riqueza

Em 2024, a Brisa, concessionária de várias autoestradas, distribuiu dividendos de 181,9 milhões e registou lucros históricos de 353 milhões. Ainda assim, patrões querem aumentos salariais espaçados ao longo de 3 anos.

António Pires de Lima é, desde 2024, Presidente do Conselho de Administração da Brisa, tendo assumido antes o cargo de CEO da empresa.
António Pires de Lima é, desde 2024, Presidente do Conselho de Administração da Brisa, tendo assumido antes o cargo de CEO da empresa.CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

Velozes como o pensamento, diria José Cardoso Pires. Em cinco minutos, a Brisa lucra 3 358 euros (recorrendo aos dados de 2024). No total, a empresa, principal concessionária das autoestradas portuguesas (incluíndo a A1 e a A2) fez perto de 1 milhão de lucros por dia, 353 milhões de euros no ano, destaca o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril.

A Brisa lucrou 276,6 milhões em 2023; 240,8 milhões em 2022; 183,2 milhões em 2021 e 124,2 milhões em 2020. Só em lucros, a empresa acumulou mais de mil milhões de euros desde o início da década, cerca de 1 177,8 milhões.

A disponibilidade da Brisa (comandada pelo antigo ministro da Economia do Governo PSD/CDS-PP de Passos Coelho, António Pires de Lima) em distribuir muitas centenas de milhões de dividendos em 2024 (181,9 milhões, relativos a 2023) não se reflecte depois no aparente desinteresse da empresa em valorizar de uma forma séria aqueles cujo «trabalho garante os lucros da Brisa». A proposta salarial «final» apresentada pela Brisa para 2025 é «de apenas 3%». É «inaceitável!», considera o sindicato.

Nas reuniões negociais, o CESP tem defendido a necessidade de valorizar no imediato os salários e as carreiras dos trabalhadores: um aumento de 335 euros é a «única forma de corrigir esta injustiça de anos e reconhecer o valor destes trabalhadores», defende a estrutura sindical. E esse aumento, ao contrário do que tem sido proposto pela Brisa, «deve ser efectivo e igual para todos, respeitando as funções efectivamente exercidas, sem discriminações com base na escolaridade».

A proposta da Brisa ficou-se por um aumento fixo de 76 euros para os operadores de portagem em 2025, 26 e 27 (alcançando, portanto, uma valorização de 228 euros ao fim de três anos) e um aumento faseado de 170 euros para os «oficiais de mecânica e outros trabalhadores qualificados» (100 euros em 2025, 35 euros em 2026 e 2027). Face a esta proposta, «a nossa luta vai ter mesmo de continuar», afirma o sindicato.

E essa luta não foi em vão: a acção do CESP garantiu a implementação da «escala 4/2 (quatro dias de trabalho, dois de descanso) a partir de Janeiro de 2026, substituindo a actual escala 5/1». Não «faltando» dinheiro, o sindicato continuará a sua intervenção pela justa «distribuição» da riqueza criada pelos trabalhadores.

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