Em 2002, quando a moeda única começou a circular em Portugal, um trabalhador com uma jornada de oito horas pagava o seu próprio salário com a riqueza que produzia ao fim de quatro horas e meia. Em 2016, o valor desceu para apenas quatro horas – o patrão ganhou mais meia-hora de riqueza criada.
O peso das remunerações no valor acrescentado bruto no total da economia caiu de 54,8% para 50,1% nesses 14 anos, de acordo com as contas nacionais anuais disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Estatística.
Para além das alterações ao nível da produção, o factor-chave para esta trajectória foi a evolução dos salários. Neste período, as remunerações do trabalho em termos reais diminuíram – ou seja, em média, um trabalhador português ganha menos hoje do que quando começou a usar moedas e notas de euro.
Partindo do ano de 1995, o primeiro em relação ao qual há dados, as remunerações do trabalho tinham crescido 43,5%. No ano passado, estavam apenas 41,2% acima do nível de 1995, depois de uma recuperação ligeira a partir de 2015. No pico da intervenção da troika, o valor chegou a estar em níveis de 1998.
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