Este aumento, mais um que o Governo permite e que vai contribuir para a espiral inflacionista que degrada salários e pensões, soma-se a todos os outros anunciados este mês de Janeiro.
Em Setembro, altura em que previa um aumento superior a 6,8%, o presidente executivo dos CTT defendeu que «o impacto» do aumento dos preços do correio tem um efeito «absolutamente desprezível» na «actividade das empresas e, sobretudo, nas famílias». Uma teoria que, sendo verdade para os custos dos CTT, é igualmente verdadeira para o aumento do preço das cenouras, das melancias ou das bolachas Maria. O problema – principalmente para as famílias – é o conjunto dos aumentos, particularmente quando comparados com a degradação dos salários e pensões. Aliás, os CTT, que aumentam os preços 6,24%, não realizaram qualquer actualização dos salários dos seus trabalhadores.
«Há que dar a volta nos CTT». Entre os dias 16 de Agosto e 17 de Setembro, o sindicato dos trabalhadores dos correios vai percorrer, com várias acções, todas as capitais de distrito e regiões autónomas. «A gestão privada dos CTT tem que repor a prestação de um Serviço Público Postal de qualidade, vergonhosamente degradado após a sua privatização», no Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, defende, em comunicado, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN). Os trabalhadores do Centro de Distribuição Postal de Santa Maria da Feira realizaram hoje uma greve parcial de duas horas, algo que se vai repetir ao longo de toda a semana. O dever de prestar um serviço postal universal, e público, de qualidade, respeitando os cidadãos que dele necessitam, refere o comunicado da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN), devia «envergonhar» aqueles que, hoje em dia, são os principais responsáveis pelo caos que se vive na empresa: os que «que gerem os CTT». Das 8h30 às 10h30, entre 23 e 27 de Maio, os carteiros do Centro de Distribuição Postal de Santa Maria da Feira vão parar o serviço, exigindo a contratação de mais funcionários, para cumprir os mínimos que são exigidos a um serviço como o que prestam os CTT. Esta acção foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN). «Esta é uma luta pela exigência de melhores condições de trabalho, condição para a prestação de um melhor serviço à população, que se tem vindo a degradar em virtude da privatização dos CTT, já que o objectivo central foi colocar a empresa a gerar lucros para os accionistas», denuncia a federação. Os carteiros de Faro, que desenvolvem a sua actividade em torno do Centro de Distribuição Postal da cidade, entram amanhã em greve parcial por um período de cinco dias, entre as 8h e as 10h da manhã. «Salvo raríssimas excepções, a generalidade dos giros [trajectos dos carteiros] estão com um atraso na distribuição de cinco a seis dias», denuncia o comunicado do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN), a que o AbrilAbril teve acesso. A título de exemplo: «a distribuição no Fórum Algarve só é feita uma vez por semana, tal como acontece com a Rua Luís de Camões, a Rua José Matos, a Rua Miguel Bombarda, o Alto de Santo António, o Jardim do Cardeal, a Rua do Alportel,... e outros locais que a gestão [dos CTT] bem sabe quais são». A supressão de seis giros na cidade foi decidida pela administração, que apoveitou para reduzir postos de trabalho. O Governo assume a submissão total face às reivindicações de Manuel Champalimaud e demais accionistas dos CTT, através da resolução do Conselho de Ministros publicada em Diário da República. A realidade é tramada. Estava o Governo – e os comentadores do costume – tão empolgado em demonstrar que estamos perante o governo mais à esquerda desde o Conselho de Comissários do Povo, e que os Decretos da Paz e da Terra só não iam entrar em vigor por culpa do voto contra do PCP ao Orçamento do Estado, e eis que sai o Diário da República de 3 de Novembro com mais uma dose de realidade pura e dura (como se não chegasse o estado do SNS, os salários congelados, o preço das rendas e da energia, a habitação inacessível, etc.). Veio esta realidade na forma da publicação da resolução do Conselho de Ministros sobre os CTT, aprovada ainda em Setembro, mas que só agora viu a luz do dia (coincidências...). E não é que o Governo ajoelha soezmente aos pés das reivindicações de Manuel Champalimaud e demais accionistas dos CTT? É que a submissão é total. Vejamos alguns exemplos: – Os capitalistas que esmifram a concessão pública vinham-se queixando do facto de a ANACOM não se submeter aos seus ditames (o que de facto é uma raridade, pois os reguladores independentes foram criados para serem independentes do poder político e submissos ao poder económico). E o Governo determina que «os parâmetros de qualidade do Serviço Postal Universal e os objectivos de desempenho passam a ser definidos pelo concedente», deixando de ser fixados pela ANACOM como prevê a Lei Postal! «E o Governo «mais à esquerda» de que alguns têm memória e outros expectativa (o que diz muito dessa memória e dessa expectativa, e pouco deste Governo), decide entregar por «ajuste directo» a um grupo capitalista a concessão do Serviço Postal Universal, passando a pagar por um serviço que sempre foi lucrativo no Estado, e permitindo a continuação da brutal degradação do serviço postal.» – Os capitalistas que esbulham os utentes dos Correios vinham reclamando do facto de a ANACOM não os autorizar a maiores aumentos de preços (apesar de terem desde a privatização já imposto um aumento de 56% na tarifa base). Pois o Governo determina «que os preços são aprovados pelo Governo, sob proposta da concessionária», em vez de serem fixados pela ANACOM como determina a Lei Postal em vigor. O carácter «revolucionário» da resolução só é reflectido pelo facto de a mesma determinar que, como a lei actual não permite ao Governo fazer o que quer, o Governo irá primeiro mudar a lei por decreto e depois fazer o contrato com o privado. Tudo antes de 31 de Dezembro. E o Governo «mais à esquerda» de que alguns têm memória e outros expectativa (o que diz muito dessa memória e dessa expectativa, e pouco deste Governo), decide entregar por «ajuste directo» a um grupo capitalista a concessão do Serviço Postal Universal, passando a pagar por um serviço que sempre foi lucrativo no Estado, e permitindo a continuação da brutal degradação do serviço postal. E, entretanto, ainda se prepara para que todos paguemos uns milhões de euros em «equilíbrio financeiro da concessão». Sobre isso, sobre o escândalo de o contrato de concessão remeter «os litígios» entre o Estado e o privado para os «tribunais» arbitrais, a resolução do Conselho de Ministros nada diz, o que augura que o mesmo mecanismo de transferência de fundos públicos para os bolsos privados está salvaguardado no próximo contrato de concessão. Claro que todo este percurso só é possível porque ele ocorre perante o silêncio cúmplice da comunicação social dominada, fiel intérprete dos desejos e interesses do grande capital. Fidelidade que partilha com um Governo que em seis anos sempre se opôs à renacionalização dos CTT, que seis vezes se aliou a PSD e CDS-PP (e também ao Chega e à IL) para travar projectos de renacionalização, e que apenas aceitou aprovar declarações de intenções que nunca pensou concretizar e criar grupos de trabalho que nada estudaram e se limitaram a ganhar tempo. Como o comportamento presente deixa exposto. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Os habitantes de Faro acabam por ser «os primeiros a conhecer as consequências desses atrasos», lamentam os carteiros. Atrasos estes causados, conscientemente, pela má-gestão da empresa de serviços postais privatizada em 2013, pelo governo PSD/CDS-PP, cujo único interesse é o aumento das margens de lucro. «Ainda mais grave é a situação de zonas onde a distribuição só é feita em períodos que podem chegar aos dez dias, como é o caso da Rua de São Luís, do Largo do Mercado ou da rua Rua Humberto Delgado», períodos já absurdamente distantes daqueles determinados pela lei, que define uma distribuição postal domiciliária cinco vezes por semana. Entre as reivindicações definidas pelos carteiros em plenário, encontra-se o «fim imediato de uma gestão atabalhoada do serviço, uma gestão de remendos que configura um confrangedor desconhecimento da gestão da actividade postal», e o fim do «assédio moral sobre os trabalhadores do Centro de Distribuição Postal de Faro». A contratação de, pelo menos, «mais seis carteiros», seria, já em si, inferior ao número necessário para repôr o serviço na cidade. A greve parcial vai ter lugar entre as 8h e as 10h dos dias 2, 3, 6, 7 e 9 de Dezembro de 2021. Nestas duas horas, os trabalhadores vão concentrar-se em diferentes espaços da cidade para distribuir documentos com as suas reivindicações, tanto à população de Faro como aos seus órgãos autárquicos. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Os lucros e dividendos que a administração privada continuar a retirar dos CTT só é conseguido «à custa da redução de trabalhadores, redução de serviços, baixos salários», e, claro está, abandonando aquela que devia ser a base da sua actividade: «a garantia de acesso dos cidadãos a um serviço público postal de qualidade e eficiente». Sem nunca esclarecer o número de trabalhadores que pretende recrutar, a administração dos CTT já anunciou uma nova campanha de contratação: «a duração dos contratos poderá variar entre os três e os sete meses» em diversos centros operacionais de Portugal continental e ilhas. A contratação a prazo de alguns funcionários não resolverá o problema de falta de trabalhadores que afecta a empresa, não só no período de verão. Todos os trabalhadores dos CTT estarão em greve parcial de duas horas na quarta-feira, 25 de Maio, pelo aumento dos salários, melhores condições de trabalho e pela contratação, sem termo, de novos carteiros. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Apesar de o primeiro-ministro António Costa e o Governo PS se terem recusado a re-nacionalizar os CTT, desautorizando a ANACOM através da atribuição, «de mão-beijada, aos accionistas dos CTT, de um contrato de prestação do Serviço Postal Universal leonino», «o decréscimo na qualidade do serviço prestado está à vista de todos». Prova disso são as sucessivas multas, aplicadas pela ANACOM, «por incumprimento dos padrões mínimos de qualidade». Faltam, neste momento, a nível nacional, mais de 750 Carteiros e 250 Técnicos nos balcões, alerta o SNTCT. A gestão privada dos CTT tem que acabar, de vez, com a ladainha de que ninguém quer trabalhar na empresa, (lamúria dirigida aos mais jovens). Quem haveria de querer trabalhar para uma administração que acumula lucros e mantém salários de miséria? Salários baixos, contratos a termo e más condições de trabalho, aponta o sindicato, não convencem os jovens trabalhadores. O SNTCT realizou hoje a primeira acção deste mês de luta, frente aos CTT de Leiria (Av, Heróis de Angola), a que se segue uma acção de contacto (ainda no dia de hoje, 16 de Agosto) no Largo Cândido dos Reis, em Santarém, entre as 16h e as 17h30. No dia 17 de Agosto, o sindicato tem planeada uma acção no Jardim do Plátano (frente aos CTT), em Portalegre, entre as 10h30 e as 12h. Dia 18 de Agosto estão agendadas duas iniciativas: na Praça do Giraldo, Évora, entre as 10h30 e as 12h, e nas Portas de Mértola, em Beja, entre as 16h e as 17h30. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
CTT: Luta contra gestão privada chega a todo o país
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Os carteiros não desistem de prestar «um melhor serviço à população»
Só em 2021, os CTT lucraram 38,4 milhões de euros
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Para os CTT, é preferível não cumprir a lei a contratar mais carteiros
Opinião|
Nos CTT, o Governo cede em tudo ao Grupo Champalimaud
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O modelo adoptado pelo Governo do PS quando, há um ano, renovou a concessão aos CTT do Serviço Público Postal, permite aumentos brutais nos preços. A fórmula aplicada este ano remete-se ao aumento de preços ao consumidor registado até Junho (4%), e soma-lhe a redução da procura de correio (que acontece, entre outros factores, pela destruição da qualidade do serviço). Ou seja, o resto da inflação de 2022 (quase 6%) já está a contar para o próximo aumento, com os CTT a serem recompensados pela degradação do serviço com a possibilidade de aumentarem o preço. Assim sendo, podemos ter aumentos anuais muito significativos.
Os CTT vão ter um novo modelo de fixação de preços já em 2023. Até agora, a formação de preços era responsabilidade da Autoridade Nacional de Comunicações, mas com a entrada em vigor do novo contrato de concessão para o serviço postal universal, o Governo repartiu essa responsabilidade entre o regulador, a Direcção-Geral do Consumidor e os CTT. A nova fórmula passará a incluir um mecanismo que vai permitir acomodar ocorrências inesperadas que provoquem maiores custos aos CTT, ou seja, os preços dos correios vão poder reflectir «eventos extraordinários».
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